sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Within Temptation: The Unforgiving Tour 2012 (Rio de Janeiro - Circo Voador)


Foi época que o gothic metal era a bola da vez, onde não era raro encontrar quase a cada esquina uma banda com uma moça bonitinha se auto-intitulando soprano fazendo contra ponto a um vocal masculino. Mas o mercado evolui, assim como suas exigências, e por conta disso àquele que mais parecia um vôo pleno encontrou sérias turbulências pelo caminho, ficando de pé somente os poucos nomes que começaram tal movimento. E mesmo tendo sobrevivido à tormenta, muitos desses nomes sentiram a necessidade de uma remodelagem em sua música, como é o caso da banda holandesa, Within Temptation, que com acentos pop trouxe novo fôlego a sua carreira, garantindo sua sobrevivência no mercado.

E foi com trejeitos pop que a banda sacou da cartola o álbum, The Unforgiving. E não pense você, leitor, que cito a palavra como um adjetivo depreciativo ou algo perto do descartável. Longe disso! Dosando bem o peso, a melodia e umas boas salpicadas de pop, a banda escalou um repertório bacana. E foi promovendo esse álbum que a banda aterrissou pela primeira vez em terras cariocas, no último Domingo, dia 12.
  
Confesso que cheguei a subestimar o apelo do nome Within Temptation, e imaginei um público bem inferior ao que compareceu ao Circo Voador. E fico feliz em dizer que minha previsão estava equivocada. Um público razoável conseguiu driblar o calor, chuva e o caos na Lapa, a fim de prestigiar o evento. O curta metragem “Mother Maiden” é apenas o aquecimento dos motores e ficou interessante apenas para quem tem domínio do inglês. “Shot in the Dark” é a mestre de cerimônias com todo seu quê popular de melodias simples e refrão de fácil assimilação. “In the Middle of the Night” faz a temperatura subir ainda mais, e se alguém tinha alguma dúvida que a noite seria de diversão, a incerteza se dissipou no ar como fumaça aos primeiros acordes de “Faster”. 


Within Temptation é uma banda que sabe jogar bem com as cartas que tem na mão, visto que a banda não conta com nenhum músico extraordinário onde a responsabilidade do sucesso ou fracasso do show possa recair. Mesmo a vocalista Sharon den Ardel com toda sua beleza e simpatia não chama para si tal responsabilidade. Ou seja, Within Temptation é uma banda que consegue se abstrair das vaidades onde o único foco é a música. E, acredite, todo mundo, público e banda, sai ganhando com isso.

“Fire and Ice” é o primeiro momento de calmaria. Mas como dizem: a calmaria precede a tormenta. “Ice Queen” é de longe o momento mais intenso do show, com público cantando cada verso e melodia. Não sei se os fãs mais afoitos se atentaram, mas a canção sofreu uma notória mudança de tom em relação ao registro em disco, visto que alcançar as notas originais não é uma tarefa das mais fáceis.

Não faltaram sons antigos fazendo contraponto com o novo álbum, por exemplo, “Stand My Ground” e a novata “Sinéad” ou mesmo a pesada “Iron” fazendo parceria com “Angels”. O álbum The Heart of Everything acha seu espaço no repertório da banda com “What Have You Done” e “Our Solemn Hour”, mas pouco acrescentou ao saldo da noite.  “Deceiver of Fools” e “Mother Earth” rememoram mais uma vez o álbum homônimo a última canção citada e prova que ainda é o disco mais querido entre os fãs.

Uma rápida pausa para esfriar as idéias, algo mais que merecido visto o calor sufocante que fazia na casa. Na volta ao palco, “Hand of Sorrow” é energética e retoma fácil, fácil, o pique do show. O grand finale fica por conta “Stairway to the Skies” que pouco conta a favor da banda, sendo uma canção facilmente substituível no set list dos holandeses. 


Como comentei anteriormente, depois de ter sobrevivido à entressafra do estilo que pratica e ter passado pelo espinhoso processo de adequação de seu som, alterando-o a uma declarada influência pop, e ainda permanecer com uma boa base de fãs, com certeza é algo digno de muito respeito. E por parte do público carioca esse respeito só aumentou na noite do dia 12/02, que nem mesmo as erratas do som durante o show fez depreciar a boa performance dos holandeses. Ao público resta esperar a volta da banda à cidade, que nas palavras da própria Sharon não vai demorar nada a acontecer.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Angra: Aqua (Reborn Again)


Fiquei pensando mil formas de começar essa resenha de uma maneira diferente e que trouxesse um pouco a emoção que o mais novo álbum de estúdio da banda paulistana Angra faz vibrar em suas dez canções. Mas a melhor forma e a mais sincera, a propósito, é dizer: Bem vindo de volta à vida! Isso mesmo caro leitor! O Angra está mais vivo do nunca, depois do mediano/fraco Aurora Consurgens, a banda volta tinindo com o novo álbum intitulado de Aqua – Água em latim – e é todo baseado na última obra de Willian Shakespeare – A Tempestade, cujo conceito trata das nuanças da personalidade humana, como: amor, lealdade, vingança, traição, se completando em uma história amarrada pelo desejo de liberdade e reconciliações.

Aqua é o disco que os fãs do Angra têm cobrado e esperado há alguns bons anos, arrisco dizer que estavam até cansados de esperar, mas valeu cada ano dessa – “interminável” – espera, porque o álbum resgata tudo que os fãs desejam ouvir, estão lá boas doses de melodia, peso na medida certa e, lógico, todos aqueles elementos tipicamente brasileiros, que fez a banda criar e imprimir sua identidade, indo na contramão de uma enxurrada de bandas, cujo adjetivo mais positivo é insosso. Além disso, o disco foi produzido pela própria banda, o que foi uma das decisões mais bem acertadas pela banda, com co-produção de Brendan Duffey e Adrian o Daga, portanto, Aqua transpira, em cada canção, a maturidade que o Angra vem construindo em seu quase vinte anos de atividades, ou seja, é a banda em uma de suas melhores performances. 


O disco é bem homogêneo em sua qualidade, sendo a tarefa de enumerar destaques algo quase impossível, mas se fosse cometer tal maluquice, canções como: Awake From Darkness, Lease Of Life e The Rage Of Waters, convidam o ouvinte a um passeio entre a sutileza de belas melodias, solos de guitarras inspirados e ritmos brasileiros. A Monsters In Her Eyes e Ashes apostam em arranjos mais intimistas e Hollow sendo a escolha perfeita para incomodar o vizinho com o volume máximo, visto seu poderia sonoro.

Mas o bom mesmo é dizer, ou no caso escrever, que o Angra está mais vivo do que nunca e muito bem, obrigado! 

Nota: Realizei essa matéria para o Jornal do Interior Sul Fluminense.