Esse é um blog inteiramente dedicado a uma das maiores expressões artísticas, música. Se você é, assim como eu, um grande fã dessa arte, seja muito bem vindo!
sexta-feira, 22 de julho de 2011
Epica: Fundição Progresso - Rio de Janeiro
Depois de quase uma semana de uma das maiores e piores catástrofes naturais no Rio de Janeiro, o público carioca teve bons motivos para sorrir, no último Domingo (11/04/10). O responsável, ou melhor, os responsáveis por esses bons momentos de diversão foram as bandas Tierramystica e Epica.
Às 20h05 foi dado o pontapé para levar para bem longe o gosto amargo da última semana, que, infelizmente, ficará marcada na memória dos cariocas. Sob uma intro de belíssimo gosto entra em cena a banda porto alegrense, Tierramystica. A banda pratica um heavy metal com fortes influências de música latino americana, o que é um grande “ás”, visto que não soa datada, tampouco, uma cópia do que muitos já se cansaram de tocar. Tierramystica, embora seja uma banda nova, é segura de suas composições, o vocalista Gui Antonioli mostra simpatia e boa desenvoltura para conduzir o público, com carisma e boa movimentação de palco.
Os destaques negativos vão para a má equalização do som, atacando os ouvidos de maneira alta e estridente. O segundo e último porém da apresentação da banda Tierramystica foi a execução dos covers de Iron Maiden e Avantasia (Fear of the Dark e Sign of the Cross, respectivamente), músicas desnecessárias para apresentação da banda. Como disse o vocalista Gui Antonioli, “temos que valorizar nossa cultura latino americana”, ou seja, era música do Tierramystica que o público queria escutar. Esses porto alegrenses têm todo potencial para estar entre os grandes do metal brasileiro, mas isso só o tempo dirá.
Passava das 21h00 quando um dos maiores - se não maior - representante do symphonic metal adentrava o palco. Com o som melhor equalizado que a banda de abertura, o Epica começa com a intro “Samadhi” seguida imediatamente pela forte e energética “Resign to Surrender”, músicas que compõem o mais novo disco de estúdio da banda, “Design Your Universe”. Sem tempo a perder emendam a já clássica “Sensorium”, cantada em uníssono pelo animado público carioca, que em momento algum se deixou intimidar pelo poderio sonoro dos holandeses.
“Há um tempinho que nós não viemos ao Rio de Janeiro, desde 2005, na turnê com os amigos do Kamelot”, diz Simone Simons. Feitas as honras da casa pela simpática vocalista, a empolgação volta com a ótima “Unleashed”, e mesmo com a significativa melhora na qualidade de som o bendito ainda teimava soar ora estridente e um tanto embolado. Mas sem ligar para os tropeços dos operadores da mesa de som, a banda executa, sem direito a respiro, “Martyr Of The Free Word”, mais uma representante do novo disco, que obteve reposta imediata do público. Vale ressaltar que o Epica tem se elevado a cada novo álbum de estúdio, conseguindo se reinventar dentro do próprio estilo.
Agora é a vez do simpático guitarrista/vocalista Mark Jansen saudar a platéia, pontuando, “até que não está muito quente hoje. Bem, a próxima música é muito requisitada, mas eu não vou dizer qual será, vocês vão ter que descobrir sozinhos.” O petardo é do álbum “Divine Conspiracy”, “Fools of Damnation”. A canção seguinte foi a hora do breve descanso da bela Simone. A trilha “The Imperial March”, do clássico vilão Darth Vader, ganhou novos contornos e acentuado peso na interpretação da banda, som que ainda se faz presente no interessante álbum “The Classical Conspiracy”. “Mother of Light” veio na seqüência com uma recepção fria do público, talvez tenha sido a única bola fora no ‘setlist’, mas nada que depreciasse a grande apresentação.
A excitação foi geral quando os primeiros acordes da tão aguardada “Cry for the Moon” ecoaram pela Fundição Progresso. Com delicadeza de seus movimentos e a mestria de sua voz, Simone toma o público pelas mãos e os convida a um passeio meio às melodias e arranjos magníficos, que mais parecem músicas dos anjos. “Tides of Time” traz consigo, mais uma vez, o destaque para a ‘frontwoman’, interpretando a música com doses extras de emoção e carisma.
“Vocês querem mais? Vocês querem mais? Sim ou não?” Pergunta Mark Jansen. Com a resposta mais que positiva, Mark surpreende em mostrar que aprendeu rapidíssimo alguns palavrões, e anuncia a pesada “The Obsessive Devotion”. A boa resposta a esse som é praxe, o grande “quê” na execução da canção diz respeito ao entrosamento dos guitarristas. Incrível como Isaac Delahaye adaptou-se rapidamente à banda.
“Kingdom Of Heaven (A New Age Dawns, Part V)” em seus quase 15 minutos de duração, consegue representar todos os elementos que compõem a crescente e sólida carreira desses holandeses: peso, melodia, orquestrações pomposas, grandes arranjos e um bom gosto ímpar na arte de compor. Ao final da música a banda se despede do público, com aquele “tchauzinho” pra lá de mentiroso, que só serve para dar charme ao show.
Na volta ao palco, o tecladista Coen Janssen deixa o público escolher entre ir para casa ou escutar mais som e com a segunda opção mais que ovacionada o Epica executa “Sancta Terra” e “Quietus”, deixando platéia em êxtase absoluto.
O grande trunfo era guardado para cartada final, “Consign to Oblivion (A New Age Dawns, Part III)” é o peso em sua mais pura essência, sabiamente inserido na identidade musical da banda. “Consign to Oblivion” conseguiu dar a tônica da toda apresentação, representando todas as facetas dessa referência no estilo symphonic metal.
Usando o clichê jargão: “tudo que é bom dura pouco”, às 23h15 chega o fim da apresentação em solo fluminense. O único porém dessa última visita do Epica ao Rio de Janeiro, foi a teimosia do som, que vez ou outra insistia embolar um bocado. No mais, tudo foi impecável: público afiadíssimo, boa banda de abertura e o Epica em sua melhor forma, divulgando seu melhor disco. Só poderia dar no que deu, fãs e bandas satisfeitos por cada um fazer bem sua parte.
Ah! Um grande obrigado às bandas, por ajudar o Rio de Janeiro a superar a última semana de tragédias.
Nota: Fiz essa matéria para o site Território da Música: http://www.territoriodamusica.com/shows/?c=894
sexta-feira, 15 de julho de 2011
Grave Digger: Rio de Janeiro
A banda alemã, Grave Digger, virá ao Brasil para três apresentações - 22/07 Rio de Janeiro; 23/07 São Paulo e 24/07 Curitiba. A banda está divulgando o álbum, The Clans Will Rise. Os ingressos estão à venda no site www.ticketbrasil.com.br
Para maiores informações quanto ao show do Rio de Janeiro: 2493-0005
quarta-feira, 13 de julho de 2011
Mr. Big: Latin America Tour (São Paulo)
Só mesmo artistas do quilate de Mr. Big e Jorn Lande para lotar o HSBC Arena em mais uma noite congelante na capital paulista. Numa pontualidade digna a ser comparada à inglesa. Pontualidade que se seguiu por toda noite. Jorn Lande começa, às 21:00, sua apresentação que pode ser dividida ou colocada de duas formas bem distintas. A primeira que o vocalista norueguês é uma das melhores vozes do hard/metal, nos dias atuais, e por conta disso é sempre um privilegio ouvir cada verso cantado pelo vocalista. E a segunda, e a não muito agradável, é que a carreira solo do músico carece de hits ou se preferirem de canções com maior apelo comercial, o que foi decisivo para o show ficar com dinâmica morna, tendo o maior destaque no cover do saudoso Dio, Rainbow in the Dark. Em uma comparação futebolística, o show do vocalista está como a seleção brasileira na Copa América: um time até bacana, mas que não sai nunca do empate.
Sem muita demora na troca de palco, Mr. Big começa sua apresentação com a energética, “Daddy, Brother, Lover, Little Boy”, que num piscar de olhos cede lugar à carismática, “Green-Tinted Sixties Mind”. E por falar em carisma todos os músicos ganham nota cem nesse quesito, o que só fez aumentar a intimidade entre banda e público, com ambos se sentindo à vontade, e lógico, refletindo de maneira muito espontânea por toda dinâmica do show. “Undertow” é a primeira representante do novo álbum – o ótimo, What If . Canção que traz em seu DNA todos os elementos que ajudaram construir a identidade da banda como as melodias marcantes; refrão grudento como chiclete derretido e técnica na medida. Do novo disco também vieram as rápidas “American Beauty” e “Still Ain’t Enough For Me” e a trinca da pesada com “Once Upon a Time”, “As Far As I Can See” e Around the World. Vale comentar que o novo álbum talvez seja um dos mais completos registros da banda, porque estão lá, de forma intacta, os elementos já citados que ajudaram compor a identidade do conjunto. E o mais importante. Não soando datado ou numa tentativa desesperadora de reviver o sucesso passado. E o bem vindo flerte com metal, o que só favoreceu para o bom resultado qualitativo e a diversidade do disco.
O platinado álbum, Lean Into It (1991), foi estrutura base para apresentação dos americanos. E é desse disco que veio os momentos de maior interação com o público como na dançante “Alive and Kickin”; a festeira “Road to Ruin”; a bluesy “A little Too Loose e as açucaradas “Just Take My Heart” e “To Be With You”. “Addicted to That Rush”; “Take a Walk” e “Merciless” rememoram o primeiro disco, Mr. Big (1989), e provam que a banda sempre se destacou pela qualidade suas canções e músicos e nunca pelo visual espalhafatoso do hard/glam. “Take Cover” é única representante do mediano, Hey Man (1996). O também platinado, Bump Ahead (1993), dá o ar da graça com “Colorado Bulldog” e “Price You Gotta Pay”.
Como se não bastasse, a banda fez o rodízio de instrumentos com Paul Gilbert atacando de baterista; Eric Martin de guitarrista; Pat Torpey baixista e Billy Sheehan no vocal, para então executar o cover de Smoke on the Water (Deep Purple). De volta aos seus respectivos instrumentos, a banda ainda tira mais carta da manga, “Shy Boy”. Cover do vocalista/showman, David Lee Roth. O show contou com as apresentações individuais do guitarrista Paul Gilbert e baixista Billy Sheehan, mas é desnecessário enaltecer um ou outro, visto que a propriedade dos músicos em seus instrumentos é bem perto da perfeição. Assim como também é dispensável comentar a qualidade vocal de Eric e a precisão das batidas de Pat.
Para o Mr. Big o resultado foi mais que favorável, marcando gol de placa com público em êxtase e de alma lavada por ter valido a pena esperar quase duas décadas pelo show. Para Jorn Lande o show ficou no empate, com o cantor se destacando pela sua qualidade, mas pecando por um setlist morno!