O Accept está na ativa desde o final dos anos 60, quando ainda atendia
pelo nome de Band X. Desde então o grupo passou por diversas mudanças de
formação.
São o guitarrista Wolf Hoffmann e o baixista Peter Baltes que seguram as
pontas desde 1976 e foi com o primeiro que conversamos sobre a
repercussão do mais recente disco, “Blind Rage”, e sobre a nova fase,
com Mark Tornillo nos vocais, que é tido como 'o cara certo' para a
banda.
Hoffmann falou sobre a importância dos fãs para o sucesso do Accept e
também sobre a apresentação que a banda fez no Monsters of Rock no final
do mês passado - a quarta com a nova formação, com Uwe Lulis (guitarra)
e Christopher Williams (bateria), considerada “inesquecível” pelo
músico.
Faz um tempo desde que o álbum “Blind Rage” foi lançado, como tem sido o o retorno até agora?
Wolf Hoffmann: O lançamento foi em agosto de 2014 e a reação tem
sido muito acima do que esperávamos. Estreou na primeira posição nas
paradas de venda alemã e a maior surpresa ficou por conta do primeiro
lugar também nas paradas de venda finlandesas. Além disso, essa é a
primeira vez que alcançamos a posição de número um no ranking de vendas.
Com “Blind Rage”, nós estamos nas paradas de muitos países e com shows
lotados. Para nós isso é missão é cumprida! Obrigado a todos os fãs.
Os últimos três discos foram produzidos por Andy Sneap, produtor
conhecido por trabalhar com bandas pesadas como Arch Enemy e Nevermore. O
que Andy adicionou à música do Accept?
WH: Ninguém pode impulsionar Peter e eu mais do que nós mesmo,
mas a coisa mais importante de Andy é que ele tem o coração de um músico
e nós nos conectamos com ele. Eu chamaria isso de uma cooperação
saudável.
O Accept tem lançado grandes álbuns desde começo dos anos 1980. E o
Accept do século XXI parece ainda mais energético do que uma banda que
ainda precisa provar seu valor. Qual o combustível para manter a chama
da banda acesa?
WH: Só existe um principal combustível para nós: Nossos fãs!
Quando nós nos reunimos, em 2010, ninguém poderia prever a reação,
ninguém! O mundo da música tinha mudado, os fãs do Accept colocaram a
banda nos eixos, o que nos encaminhou ao centro das atenções, não ao
topo, mas muito acima de grandes bandas. Então, tudo que nós temos e
somos capazes de dar vem do mesmo lugar: nossos fãs. Em cada show, Peter
e eu nos olhamos e dizemos: Isso é realmente de verdade? E pensamos
também: Vamos retornar o favor e mostrar que ainda não acabamos, há mais
por vir...Vamos curtir juntos!
Cada vocalista foi importante para o desenvolvimento da banda, mas
agora com Mark Tornillo podemos ver o raro caso no qual o cantor
substituto brilha ainda mais que o cantor original...
WH: Mark chegou a nossas vidas de forma inesperada e totalmente
desconhecida, como um tipo de intervenção do alto. Sua voz é a voz que
precisamos nesse ponto de nossas vidas. E eu acredito, como ninguém, que
ele entende seu papel, sabe o que nós estamos fazendo e o que é Accept,
ele cabe perfeitamente na nossa visão. Nós não comparamos, porque
respeitamos quando um fã tem uma opinião diferente sobre quem é quem.
Mas para me fazer 100% entendido: nesse momento, Mark Tornillo é a
pessoa certa para nós e desde 2010 até o dia de hoje a grande maioria
dos fãs, em todo mundo, está com a gente.
Ele é o cara certo para estar com a gente agora. As músicas que
escrevemos agora e as músicas que escrevemos no passado ganham
complemento na voz de Mark, o que outro vocalista, em outra época,
provou não ser o cara certo.
Recentemente tivemos a notícia que o baterista Stefan Schwarzmann e o
guitarrista Herman Frank saíram da banda. O que você acha que os
motivou a sair da banda? Até onde podíamos ver tudo estava bem...
WH: Herman e Stefan são profissionais e trabalharam duro por nós
durante muitas décadas. Lembre-se que na época em que a banda voltou,
nós dificilmente podíamos pedir a alguém para largar o que fazia para
nos atender. Nada nos fazia acreditar que excursionaríamos novamente, o
que é mais fácil de encarar para uns do que para outros. Foi mais ou
menos assim: vamos ver quão longe nós vamos e mantemos nossos trabalhos
regulares. Herman e Stefan agarraram a chance de fazer, mas o que eles
queriam há muito tempo era ter a banda deles. Nós todos os apoiamos,
especialmente porque eles nos deram prioridade número um nos últimos
anos. Não é a questão de como era ou parecia ser, eles saíram e isso era
o que eles queriam fazer para vida deles.
Como era seu relacionamento com Herman e Stefan? Você escutou a nova banda deles, Panzer?
WH: Você tem olhar isso pelo angulo certo. O Accept não tem
trabalhado nos últimos 15 anos. Por isso, Herman e Stefan trabalharam em
suas carreiras e em muitas bandas. Quando nós voltamos, em 2010,
tivemos a sorte de ambos não terem compromissos, o que teria atrapalhado
nossa reunião para turnê que realizamos. E desde então eles foram
convidados de turnê a turnê, o que faz sentido porque, como eu mencionei
anteriormente, ninguém poderia prever o que aconteceria com o Accept.
Ou seja, todo mundo ficou livre para ficar conosco o quanto queria. Nós
todos sabíamos e estávamos de acordo com isso.
Todos sabem que faz mais de três décadas que Peter e eu estamos juntando
forças, o que é algo que nós amamos, ao invés de ficarmos presos com
outros músicos – nós somos abertos e temos as pessoas certas para apoiar
o Accept em cada época. Foi de uma forma incomum, e para alguns ainda
é, quando se trata de heavy metal, mas acontece sempre com muitas
bandas.
Olhando a história das grandes bandas, você vai encontrar diferentes
formações. Eu acredito que não exista banda nesse planeta que está com a
mesma formação desde o começo. Música não deveria ser definida por
quais rostos estão lá para serem vistos, ela deveria ser definida por
como é a química de trabalho para criar grandes canções.
Herman e Stefan nos deram mais de quarto anos de suas vidas, mas eles
não nos deram seus sonhos. Herman é um ótimo guitarrista e eles estão,
agora, em um perfeito “casamento”, com o Schmier do Destruction. A
música deles é boa e se a química tem algum sentido, eles devem estar
felizes juntos. E é isso que conta na vida, na minha humilde opinião.
O Accept acabou de anunciar a entrada do guitarrista Uwe Lulis e do
baterista Christopher Williams. Eles são membros permanentes da banda ou
estão preenchendo a lacuna para atual turnê? E como está indo o
trabalho com os dois?
WH: Está indo como o esperado: ótimo! O que é permanente em nossa
linha de trabalho? Pouquíssimos têm a sorte de ter algo permanente em
suas carreiras. Peter e eu somos o coração do Accept e somos os únicos,
os dois cavalos que estão puxando a carroça há tempos tanto musicalmente
quanto em performance.
Nós montamos o Accept quando tínhamos 16 anos de idade, não se esqueça!
Mas, lógico, que nós nunca pudemos e poderemos fazer isso sozinho,
então, quanto melhor nosso companheiro de banda for, melhor nós seremos
também. Há tanta coisa que rola entre músicos, sendo que o essencial são
as apresentações ao vivo nos colocarem juntos, ao mesmo tempo, e é isso
que tem acontecido.
Vocês fizeram um show matador no festival Monsters of Rock, com os
dois novos músicos, e podemos dizer que foi um show perfeito. Vocês
esperavam essa reação dos fãs brasileiros?
WH: Nós amamos tocar no Brasil! A gente estava olhando para
frente como criança em dia de festa de aniversário... Nós estávamos
muito felizes. Nós sempre vivemos pela reação dos fãs e quando os fãs
reagem daquela forma nós ficamos muito felizes. Nada nos dá mais energia
que os fãs. E não se esqueça que esse foi 4º show com os dois novos
caras, sim, nós já os conhecíamos e ensaiamos, mas tudo muda quando você
está no palco junto, e eu acho que eles se saíram muito bem. É justo
dizer também que Mark Tornillo deu seu melhor no show e Peter e eu
estávamos no céu. Obrigado Monsters of Rock! Foi um evento inesquecível
para nós.
Se você tivesse que escolher apenas um álbum para mostrar a uma pessoa o que é o Accept, qual seria e porquê?
WH: Escolho o álbum “Accept”. Entretanto, cada disco representa
certa época de nossa vida e depende o que você quer mostrar sobre o
Accept. No começo dos anos 1980 nós abrimos as portas para todo o Speed e
por décadas você tem várias fases. E hoje temos o que temos com o
Accept, fazendo tudo com uma devoção sem fim para ser melhor a cada dia.
O que virá agora? Disco de estúdio? Super double DVD ao vivo? Férias?
WH: Peter e eu sempre nos sentimos: “Nós estamos em permanente
férias!” Nosso mais recente disco, “Blind Rage” (o terceiro em menos de
cinco anos), foi primeiro lugar em vendas na Alemanha e Finlândia e nas
paradas de vendas em outros países. Nós tivemos, com os últimos três
discos, no Reader Charts, e com os dois últimos ao mesmo tempo. Além
disso, nós precisamos de um disco que bata isso tudo, nós trabalhamos
duro e esperamos que o 'compositor' que está em nós nos presenteie de
novo.
Nota: Fiz essa matéria para o site:
http://www.territoriodamusica.com/noticias/?c=39202
Foto: Lauro Capellari / TDMusica