Muito se fala do
mainstream do heavy metal atualmente, onde a indagação que mais ferve nas
conversas é: quais – ou pelo menos qual – bandas irão carregar o fardo de serem
os bastiões para perpetuação do estilo? E, pelo visto, caro leitor, os únicos a
terem os requisitos e demonstrarem interesse por tal incumbência são os
americanos do Slipknot, o que fora fácil, fácil, provado na noite da última
sexta-feira (25) quando de sua apresentação no festival Rock in Rio.
Calor ora intercalado
com vento frio, ora intercalado com pingos de chuva; calor ora intercalado com a
ansiosidade, ora intercalado com a fúria do público. Déjà vu de um apocalipse?
Não! Apenas a ambiência perfeita para o maravilhoso caos sonoro dos caipiras de
Iowa.
O prelúdio da maior
desgraceira sonora que passou pelo Palco Mundo foi ‘XIX’, e com os dois pés na
porta ‘Sarcastrophe’ derruba qualquer devaneio que se pudesse ter de calmaria,
visto que banda e público uniram forças para transformar a Cidade do Rock numa
bem vinda hecatombe musical.
Quem acompanha a
carreira da banda já sabe que ela nunca pisa num palco para fazer uma
apresentação daquelas do tipo ‘vamos cumprir tabela’, porque o cheque já
compensou. Longe disso, os caras fazem valer cada centavo investido pelo
público, com uma produção de palco deveras bacana, onde o próprio capiroto fez
questão de ser parte da ornamentação em meio a inúmeras labaredas de fogo.
A experiência de ter
mais de quinze anos de estrada deixa tudo mais fácil para a banda, e esse
‘know-how’ pôde ser facilmente notado na performance avassaladora dos músicos,
bem como na composição do repertório aonde temas da qualidade de
‘Psychosocial’, ‘The Devil in I’, ‘People = Shit’, ‘Surfacing’, ‘Wait and
Bleed’, ‘Sulfur’, ‘Spit and Out’, ‘The Heretic Anthem’ e ‘Duality’ foram os
argumentos necessários para os fãs trazerem à tona o prazeroso purgatório
instaurado no festival.
Como dito
anteriormente, os músicos são experientes e técnicos e conseguem, como poucos,
proporcionar uma apresentação digna dos maiores baluartes do Rock/Metal, mas
vale fazer uma menção honrosa ao vocalista, Corey Taylor. O vocalista possui o
que muitos querem e poucos têm: talento e carisma. É o raro caso do artista que
está em um nível acima dos de mais.
Com quase duas horas de
show, o Slipknot provou, mais uma vez, para o público brasileiro o porquê de
ser o maior expoente do heavy metal mundial da atualidade. Aos que relutam em
aceitar tal realidade só lhes resta o lamento e o choro, visto que a
maravilhosa desgraça sonora que também atende Slipknot veio para reinar
absoluto.
Nota: Fiz essa matéria para o site Território da Música: http://www.territoriodamusica.com/noticias/?c=40411