terça-feira, 24 de maio de 2011

Shaman / Angra - Entrevista


Se você pensar em heavy metal nacional os três primeiros nomes que logo vêem à cabeça são Sepultura, Angra e Shaman. Lógico que há inúmeras bandas com qualidade de sobra, mas essas são referência tanto no mercado nacional quanto internacional. Fomos bater um papo com Thiago Bianchi (Shaman); Leo Mancini (Shaman) e Felipe Andreoli (Angra), onde os músicos contam novidades da carreira, comentam o panorama do heavy metal no Brasil e planos futuros. Sem mais delongas Shaman e Angra...

Vocês lançaram no ano passado o álbum, Origins. Como tem sido a recepção até o momento?

Thiago Bianchi: Nós estamos na melhor fase da banda! Infelizmente, o que não está é o heavy metal no Brasil.

Leo Mancini: Tem muita gente elogiando, dizendo que o disco está legal. Tanto crítica quanto os fãs.

Thiago: Só está difícil mesmo a cena!

Você diz em relação a ter bons lugares para tocar, boas produções e público?

Thiago: O heavy metal está em baixa! Temos convocado os ‘metaleiros’ para ir para cima, por que as pessoas parecem ter interesse apenas na internet. O disco, Origins, está vendendo bem, por incrível que pareça nessa época da MP3, mas nos shows falta comparecimento do público.

Origins é um disco conceitual com uma estória que remete ao nome da banda. Vocês poderiam nos contar um pouco mais sobre o conceito do disco?

Thiago: É a estória do nosso mascote, Amagat, que aparece nas capas dos álbuns. A idéia foi contar a origem desse xamã, que é um avatar assim como Jesus, Krishna e Buda. Ele era um garoto de uma tribo que se negou estudar para ser um guerreiro, com isso fugiu para o meio da floresta, e lá, através da meditação, se iluminou e voltou para sua tribo como um xamã. Assim começava a estória do xamã. É como se o álbum se entregasse ao Ritual (primeiro disco da banda), por que é bem a origem dele e vai até onde acontece o enredo de Ritual, que é outra mudança para o personagem. Talvez continuemos contar essa estória no próximo disco. Veremos...

Vocês foram a fundo ao xamanismo ou foi tudo interpretação de vocês dentro desse conceito?

Thiago: É um conceito dentro de um conceito. É a nossa interpretação. Nossa intenção não é trazer a religião xamã, mas, sim, iluminação espiritual através da musica e não pelo xamanismo.

O álbum, Origins, poderia ser considerado o sucessor de Ritual, visto que em Reason a banda parecia sem foco e perdida quanto a sua identidade e em Immortal ainda tratava de aparar as arestas para um vôo pleno?

Leo: Com certeza! No álbum Immortal eu, Thiago e Fernando estávamos entrando na banda e nos conhecendo musicalmente. Tínhamos o Ricardo (fundador da banda) como influência e, lógico, como norte de nossas concepções musicais, de modo a não nos perdermos da linha de composição. Ou seja, Immortal foi um CD muito importante para nos conhecermos musicalmente. Depois começamos a compor o Origins, que não foi um disco rápido de fazer como Immortal. Levamos um pouco mais de tempo. Mas foi bom por termos tido tempo de trabalhar e maturar melhor as idéias.

Thiago: Temos orgulho do Immortal! Por que remontar; escolher membros novos e ter o disco em nossas mãos com encarte foram seis meses. A diferença, como falei no começo da entrevista, que o momento está ruim para o metal. O Shaman com a formação antiga formação e nossos amigos do Angra pegaram o ápice do heavy metal e talvez o fim de uma era, por que a música faliu no Brasil e está a caminho no Mundo. Você liga o rádio e não escuta música, escuta apenas jingles!

Mas você não acha que metal sempre andou na sombra, mais no underground?

Thiago: Não! Os shows gringos estão cada vez mais lotados. O Metallica lotou o estádio do Morumbi dois dias seguido e as bandas brasileiras estão com cada vez menos público. Eu acho isso um insulto! Temos coisas consagradas mundo a fora, como: carnaval, mulata, feijoada, caipirinha e o heavy metal brasileiro. O Brasil tem o Angra, Shaman, Krisiun, Sepultura... Lá fora somos idolatrado, aqui dentro não! Como uma banda brasileira não lotou um estádio sozinha? Isso é inaceitável a meu ver! Essas bandas eram para lotar estádios há muito tempo.

Isso não é um pouco do ranço de nos acharmos colônia?

Thiago: Exatamente! É ranço de ser um povo colonizado. Enquanto tivermos essa mentalidade isso não vai mudar. Se você escutar os nossos discos e da turma do metal nacional, é perfeito cara! Eu acredito que o Angra, Sepultura e, desculpe a honestidade, o Shaman estão entre as melhores bandas de metal do mundo. Brasil é um celeiro de talento, está na hora de olharmos para o que é nosso.

Não parece aquela velha estória de ter que ir para ‘gringa’; ser valorizado lá e depois voltar para fazer sucesso aqui?

Thiago: Mas a gente já fez isso!

Felipe Andreoli: Antigamente isso tinha algum valor, por que era muito difícil ir pra fora do país. Mas, hoje em dia, é muito fácil. Veja o Torture Squad, Shaman, Mindflow, Shadowside... Todo mundo já tocou lá fora! Isso não quer dizer mais nada. E cada vez mais os gringos estão vindo no Brasil e nós com essa atitude de colono. O público lota show de helloween e Stratovarius, mas ninguém vai aos shows das bandas brasileiras.

Thiago: Nós somos celebrados na internet, mas na hora de pagar ingresso para o show, o cara não paga. Só está faltando uma conscientização geral de vamos valorizar.

Hoje, a banda parece mais à vontade soando melhor e mais precisa, o que reflete o Shaman como uma unidade. Isso se deve ao fato de terem tido mais tempo para elaboração do álbum e, lógico, estarem tocando juntos há algum tempo?

Leo: Sim! Hoje sabemos o que fazer e a hora de fazer.

Thiago: Nós nos despimos do ego, assim como conta a estória do álbum. Não tivemos a frescura de quem fez o que, só medimos o que é bom ou ruim. Independente de quem vinha.

Leo: Com isso, tivemos a liberdade de chegar a um consenso e equilíbrio.
I
sso é muito difícil dentro de uma banda?

Thiago: É quando os egos não deixam. Na verdade, é tudo muito fácil, desde que você atinja um nível de maturidade e tenha capacidade de abrir mão em favor do outro.

Felipe: As pessoas não praticam esse desapego. Ás vezes, a pessoa tem uma idéia e luta por ela mesmo que o resto da banda esteja contra. Não há o desapego: a maioria não está gostando da idéia, qual a próxima?

E foi o oposto disso na gravação do álbum?

Leo: Sim! Foi super tranqüilo. Não teve nenhum atrito.

O disco foi produzido pela própria banda, o que parece reforçar o que comentei sobre a banda ser, hoje, uma unidade. Assumindo a produção do álbum, essa foi realmente a meta?


Thiago: Com certeza, liberdade total até chegar ao Ricardo (risos - brincadeira)! Por que ele é a pessoa que “shamaniza” as musicas. É a visão de toda essência da banda. Nós pegamos a idéias, organizamos e entregamos mastigado, com isso, ele pode dar o direcionamento.

Leo: Esse processo aconteceu mais no disco Immortal, nesse álbum foi mais tranqüilo!

Thiago: É tudo muito claro: Leo parece com as musicas prontas, nós dificilmente mexemos nela, já vem bem pronta. Mas quando não é assim ele aparece com instrumentais. O Fernando (baixista) e eu fazemos muito melodias e refrãos, e eu, geralmente, dou conceito de idéias de letras e estórias e o Ricardo ‘shamaniza’.

Finnaly Home é o primeiro single e vídeo clipe. A canção trata da simplicidade, com a idéia que o menos é mais? Vocês acreditam que hoje vivemos num ritmo frenético talvez injustificável?

Thiago: Finnaly Home é o momento, na estória do disco, que Amagat se ilumina e perceba que tudo isso aqui não significa nada! O que significa, na verdade, é o amor que você tem pela própria vida, por isso ele se sentia em casa. Esse é o motivo das pessoas e as diferentes etnias presentes no vídeo clipe. E essas são etnias marcadas por terem que se deslocarem de suas terras, entretanto, conseguiram achar sua casa em outro lugar, por que na verdade a casa está dentro de você!

O que o Shaman nos reserva para o futuro?

Leo: Turnês! Muitos shows!

Vocês lançaram o DVD com a orquestra Tcheca, mas há planos de gravar algo dessa turnê?

Thiago: Passou isso pela nossa cabeça, mas acho que uma coisa de cada vez. Nós estamos tentando trabalhar esse disco como deve ser trabalhado e fazer mais shows, que é uma coisa que estamos tendo um pouco de dificuldade.


A demanda de shows internacionais está tirando esse espaço?

Thiago: Fomos tocar na Argentina semanas atrás, na quinta-feira teve Tarja; na sexta o Shaman, sábado Ozzy Osbourne e domingo Slash. Como competir com isso?

Felipe: Sabe o que eu acho engraçado: A molecada nos vê tocando e vão comprar instrumentos e se matam de estudar, mas não vão a show. Como eles querem ser músico, se eles mesmos não servem de público, vão tocar para quem?

Thiago, nos últimos meses você movimentou o público heavy metal com a publicação de uma carta. Do que se trata essa carta? Onde você queria chegar com sua publicação? E do que se trata Metal Prol Brasil?

Thiago: É tudo o que a gente comentou no começo da entrevista. Eu estou cansado de ver meus colegas, músicos, chateados com o que fazem. É uma mistura de amor e ódio. O Brasil perderia muito sem Felipe Andreoli; Leo Mancini; Angra; Andreas Kisser; Andre Matos; Ricardo Confessori... Isso para mim dói, cara! Eu não estou nem ai para quem não gostou. Eu vou falar o que acho e fazer o que considero que tem que ser feito.
O Metal Prol Brasil é uma iniciativa para mover a galera em assinar um documento para que seja instituído no Brasil o dia do metal. Isso vai mudar muito? Não vai! Mas, pelo menos, mostra que o pessoal está começando a fazer alguma coisa. Quem sabe o mês de Novembro passa a ser o mês do metal no Brasil, com as casas noturnas tocando metal, o que acaba instigando as pessoas irem e comparecerem. É fazer algo pela nossa classe, e eu me orgulho disso e posso falar: estou fazendo algo.

Você sentiu um feedback positivo?
 
Thiago: Colocamos o site no ar e já passou das cem mil inscrições. O endereço é metalprolbrasil.com. Em breve, teremos uma caixa postal no ar. Tem gente trabalhando. Estamos começando fazer barulho!

Leo, além do Shaman, você anda bem ocupado com sua carreira solo, a qual você acabou de lançar um disco, Acoustic Hits. Conte-nos um pouco mais sobre o disco.

Leo: O Acoustic Hits foi idealizado pelo dono da gravadora Turbo Music, que é a antiga gravadora do Shaman. Eu tinha um material gravado há muito tempo atrás no formato acústico, e eu queria fazer um presente para meus familiares, com isso, fui a essa empresa para fazer as capas, e um dos caras da gravadora pediu que deixasse alguns discos para o pessoal escutar. No dia seguinte, eles me ligaram convidando para fazer um disco comigo, comentei que estava focado no Shaman e não teria tempo. Eles ficaram uns oito meses tentando me convencer, mas só aceitei quando tive tempo para trabalhar o disco como deveria e eu queria como fazer tudo sozinho, gravar no meu estúdio, elaborar os arranjos e ter alguns amigos como convidados.

O disco tem rendido bons frutos, prova disso é a canção, Kiss From a Rose, na trilha sonora da novela, Araguaia.

Leo: Eu terminei o disco no final de 2008, mas o pessoal da gravadora sugeriu esperar o momento certo para lançar o CD. Em Julho de 2009 a gravadora comentou que estava em conversa com a Som Livre e que eles tinham gostado do material. Passou um tempo, e como eu estava trabalhando bastante, acabei desencanando. Um dia recebi e-mail de uma amiga, que é fã do Shaman, dizendo que tinha comprado meu disco. Ninguém me falou que o disco fora lançado! Liguei para Turbo Music e não sabiam também do lançamento do álbum. Isso aconteceu por que a gravadora tinha parceria com a Som Livre, ou seja, havia autonomia deles em lançar o material. E começou assim! Eu estava em restaurante e uma pessoa comentou que tinha escutado minha música na novela Malhação. Com uma coisa levando a outra, uma das músicas chegou à outra novela, Araguaia.

O que representa para você ter uma música numa grande mídia como a tevê Globo?

Leo: Antigamente ter uma música numa novela era uma coisa muito grande. Hoje em dia, é mais pelo reconhecimento. Abre portas, lógico! Mas era uma coisa que eu não esperava e foi um bom reconhecimento.

E como está a situação do Tempest?

Leo: O Tempest está finalizando o segundo cd. Só precisamos acertar algumas participações internacionais.

Você pode nos adiantar quem serão essas participações?

Leo: Quando o pessoal do Winger veio agora no Brasil, eles passaram no estúdio para ouvir nosso CD e o Kip Winger aceitou o convite de participar do álbum. Outro nome é Tim Reaper que topou na hora o convite. Há ainda outra pessoa, mas não posso falar por que o convite ainda vai ser feito.

Qual a previsão de lançamento?

Leo: É para o começo do segundo semestre.

E como foi a experiência de tocar com grandes nomes do hard rock e metal como Tim Reaper e Jeff Scott Soto?

Leo: A primeira vez que eu toquei com Jeff foi em 2002, e foi também a primeira vez que toquei com alguém de fora, então, foi legal e tenso ao mesmo tempo. Depois disso já fizemos outros trabalhos juntos como turnê pela Europa. Eu estou escrevendo uma música para o novo álbum dele, que tem participações de Richie Kotzen e Nuno Bittencourt.

O que vocês plantaram em 2002 estão colhendo agora.

Leo: É isso ai!

Obrigado pela entrevista. O espaço é de vocês...

Leo: Obrigado pela companhia, por segui nossa carreira. Espero vê-los nos shows. Música para todos!

Thiago: Acessem nosso myspace – shamanimmortal e nosso twitter - @shamanofficial. Muito obrigado. E Keep Rockin’!

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Kiss: Alive 35


1973 – 2009. São exatos 35 anos de vida que a instituição KISS tem de vida. Vocês, leitores, não leram errado não, é instituição KISS mesmo, vide tamanha importância que os quatro mascarados têm no mundo do rock n’ roll. E é na comemoração dos seus 35 anos que a banda deu o pontapé para uma turnê mundial, levando aos quatro cantos do globo a marca KISS e o seu teatro-show, com toda pompa, fogos, coreografias, explosões, poses, biquinhos, festa e, lógico, rock n’ roll da melhor qualidade.

A lenda KISS deu um castigo de 10 anos aos fans tupiniquins, quando foi a última passagem da banda em nossas terras, com apenas duas datas nas cidades de Porto Alegre e São Paulo, divulgando o recém lançado disco da época, Psyco Circus. Castigo dado, agora veio a hora recompensa, a turnê ALIVE 35 ganhou uma perna latino-americana com duas datas em nosso país, nos dias 07 e 08 de Abril – São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente. E mantendo a tradição de ser a banda mais quente do mundo, trouxe ao KISS ARMY o melhor.

O show apresentado nessa última quarta-feira, no Rio de Janeiro - Praçoa da Apoteose, vai ser lembrado para sempre por todos os 14 mil membros do Kiss Army presentes...

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Antes de prosseguir com a resenha, eu só quero abrir um parêntese em relação a produções de shows internacionais de grande porte em nosso país, os produtores deveriam ter um pouco mais de coerência com a realidade econômica de nossa nação, colocar o Iron Maiden e menos de 20 dias depois agendar o KISS é muito fora de bom senso. O ingresso é extremamente caro, mesmo os estudantes que pagam meia-entrada têm de desembolsar uma importância muito alta para assistir o show das bandas, o que acaba impossibilitando um grande número de fãs a assistirem e terem acesso a concertos como Kiss e Iron Maiden. Não seria mais sensato colocar um preço mais acessível e ter um número de maior de expectadores nas apresentações, e, consequentemente, ter aumento na geração de receita?

Pagar R$ 160,00 pista normal e R$ 350,00 pista Vip, não é realidade de nosso país e, talvez, nem é mais a realidade do mundo, basta ter um pouco bom senso, coerência, noção e acompanhar os noticiários.Além do preço exorbitante do ingresso, a falta de respeito com público foi a níveis inconcebíveis com os preços praticados dentro da Apoteose: uma lata de refrigerante ao preço de R$ 5,00; um cachorro-quente, ou um suposto cachorro-quente, ao simbolico preço de R$ 6,00 e uma batata Rufles por R$ 7,00. Isso é falta de respeito com público bem fora da realidade econômica do país.

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Já passava das 18:00 horas quando os portões foram abertos ao público, alguns membros do KISS ARMY os rostos pintados e outros apenas com camisa do disco favorito, mas todos com um único objetivo, curtir o show da banda mais quente do mundo.

O calor era intenso, e nessas horas o tempo cisma em não passar, com cada minuto parecendo um hora, o que acabava por tirar a paciência de alguns fans. Mas a gota d’ água foi quando a não programada banda de abertura, Libra, entrou no palco com seu rock chocho e sem a mínima presença de palco. A banda não conseguiu levantar o público; o som da banda não decola e falta uma boa dose de atitude, mas o destaque negativo vai para o vocalista que conseguiu desafinar quase em todas músicas e não decidiu uma forma de cantar soando deveras chato.

Com a clássica “Won’t Get Fooled Again –The Who, nos PA's, as luzes começaram a serem apagadas e cai sobre o palco uma enorme bandeira do KISS, e ouvia-se o volume clássico setentista (The Who) sendo aumentado e em seguida dando lugar a clássica introdução: Allright Rio de Janeiro You Wanna the Best... Ao som do primeiro acorde a bandeira cai e lá estava a Instituição KISS com toda pompa, a primeira música foi “Deuce”. É impressionante a capacidade do público brasileiro em cantar alto. O palco era composto de um imenso letreiro com o nome da banda no centro e mais dois telões de cada lado e mais inúmeros amplificadores, mostrando todo o poderio sonoro dos mascarados. O ritmo da apresentação seguiu em altíssimo nível com a bonachona, “Strutter”. “Estão todos se sentindo bem?”, pergunta o frontman, Paul Stanley. Com a resposta positiva, o show segue com a excelente “Got to Choose”.

“Hotter than Hell” foi uma das músicas mais bem recebidas e mais vibradas pelo público, e por mais irônico que possa parecer o nome da música descrevia muito bem a apresentação dos mascarados e temperatura do público. “Nothing to Lose” contou com o vocal do baterista, Eric Singer. Impressionante a habilidade técnica e pegada que Eric toca seu kit. Eu tive oportunidade de assistir o show do Kiss em 1999 na turnê do álbum Psyco Circus com a formação clássica, mas não há como negar como a qualidade técnica da banda cresceu com a entrada de Tommy Thayer e Eric Singer – guitarra e bateria, respectivamente. A primeira música representante do disco Dressed to Kill foi ‘C’Mon and Love Me’, o calor estava bem perto do insuportável, talvez por isso a canção tenha sido pouco vibradas pelos fans, e por mais estranho que possa parecer os deuses do rock n’ roll trataram de dar um jeito no calor que fazia. Com a próxima canção, ótima ‘Parasite’, veio um toró daqueles, a chuva foi tão forte que fez com que o telões do palco parassem de funcionar por breve periodo, retornando em “She”,que ainda contou com um solo do guitarrista Tommy Thayer.

Com direitos a fogos e explosões, “Watchin’ You” foi mais uma canção resgatada do incrível e marcante disco Alive, sendo conduzida com maestria e elegância pelos anfitriões da festa. "100,000 Years" teve um solo individual de bateria de Eric Singer. Solos individuais são sempre um pé no saco, mas Eric conseguiu cativar o público com técnica apurada e efeitos especiais. ’Cold Gin’ é uma música composta pelo Ace 'Spaceman' Frehley, o que deu um ar saudosista e nostálgico ao show e formação original da banda. Em ’Let Me Go, Rock n’ Roll’, para o delírio do público feminino, o vocalista Paul Stanley fez a clássica rebolada, pediu para as mulheres do gargarejo mostrarem os seios, sendo prontamente atendido ainda
recebeu dois sutiãs, que serviu de ornamentação de palco por todo show.

O começo de ’Black Diamond’ foi estendido com trocas de guitarras e com uma breve introdução de Stairway to Heaven (Led Zeppelin). A canção cumpriu o papel de ser um dos destaques nas apresentações da banda. Entretanto, o momento mais esperado da apresentação dos mascarados é o mega hit, ’Rock n’ Roll All Nite’. Muitos fogos de artifício, explosões, chuva de papel picado, letreiro bem luminoso com o nome da banda e um público indo à loucura, dá uma breve idéia da festa instaurada na Praça da Apoteose. E, assim, encerrou-se o primeiro capítulo da apresentação da instituição KISS, mas ainda tinha uma parte da história a ser contada.

A pedidos incessantes dos fãs, a banda volta ao palco para mais festa. O carismático Paul Stanley diz: “Nós amamos vocês. Vocês não querem ir para casa agora, querem? Então, tocaremos mais para vocês”. A primeira música do bis foi o hit do álbum Destroyer - ‘Shout It Out Loud’.‘Starchild’ pergunta ao público: “Quem gosta de dar uma lambida? E quem gosta de ser lambido?” Era o presságio para a farofa oitentista, ‘Lick It Up’, que ainda contou com apêndice de ‘Wont Get Fooled Again’ - The Who. ‘I was Made For Lovin You’ foi cantada em uníssono, mas o que todos estavam esperando era outro hit do disco, Destroyer. Mr. Stanley diz: “O Rio é a capital mundial do Rock n’ Roll, mas há também uma outra capital mundial do Rock, e se chama Detroit”. A última música do espetáculo foi ‘Detroit Rock City’. Com uma produção ímpar, com muitas explosões e fogos, a música foi executada tendo também como protagonista o público carioca, que não deixou de cantar uma só estrofe da canção.

Foi muito interessante constatar o quão carismático e comunicativo foi o vocalista Paul Stanley. Não são todos os frontmen com esse tato para tratar o público. E mais uma vez o KISS ensina que é assim que deve ser a relação entre a banda e seus fãs.

Infelizmente chegara o final da apresentação da instituição KISS. É incrível como duas horas de show passaram quase que num piscar de olhos. Com certeza, foi uma experiência muito importante na vida de todos os presentes. A apresentação dos quatro mascarados nunca foi um mero show, é um capitulo importantíssimo na vida de qualquer fã de rock n’ roll. E ainda restou ao público assistir toda a queima de fogos, que foi deveras bacana, escutando ‘God Gave Rock n’ Roll To You’ . Torcemos por um retorno ao país o mais breve possível, e quem sabe até com um novo disco de músicas inéditas. Não custa nada sonhar e ter esperanças, isso ainda não nos foi cobrado e ou proibido.

A banda mais quente do mundo - “KISS”.

Nota: Fiz essa matéria na turnê de 2009 e foi publicada no site www.novometal.com