Foi época que o gothic
metal era a bola da vez, onde não era raro encontrar quase a cada esquina uma
banda com uma moça bonitinha se auto-intitulando soprano fazendo contra ponto a
um vocal masculino. Mas o mercado evolui, assim como suas exigências, e por
conta disso àquele que mais parecia um vôo pleno encontrou sérias turbulências
pelo caminho, ficando de pé somente os poucos nomes que começaram tal
movimento. E mesmo tendo sobrevivido à tormenta, muitos desses nomes sentiram a
necessidade de uma remodelagem em sua música, como é o caso da banda holandesa,
Within Temptation, que com acentos pop trouxe novo fôlego a sua carreira,
garantindo sua sobrevivência no mercado.
E foi com trejeitos pop
que a banda sacou da cartola o álbum, The Unforgiving. E não pense você,
leitor, que cito a palavra como um adjetivo depreciativo ou algo perto do descartável.
Longe disso! Dosando bem o peso, a melodia e umas boas salpicadas de pop, a
banda escalou um repertório bacana. E foi promovendo esse álbum que a banda
aterrissou pela primeira vez em terras cariocas, no último Domingo, dia 12.
Confesso que cheguei a
subestimar o apelo do nome Within Temptation, e imaginei um público bem
inferior ao que compareceu ao Circo Voador. E fico feliz em dizer que minha
previsão estava equivocada. Um público razoável conseguiu driblar o calor,
chuva e o caos na Lapa, a fim de prestigiar o evento. O curta metragem
“Mother Maiden” é apenas o aquecimento dos motores e ficou interessante apenas
para quem tem domínio do inglês. “Shot in the Dark” é a mestre de cerimônias
com todo seu quê popular de melodias simples e refrão de fácil assimilação. “In
the Middle of the Night” faz a temperatura subir ainda mais, e se alguém tinha
alguma dúvida que a noite seria de diversão, a incerteza se dissipou no ar como
fumaça aos primeiros acordes de “Faster”.
Within Temptation é uma
banda que sabe jogar bem com as cartas que tem na mão, visto que a banda não conta
com nenhum músico extraordinário onde a responsabilidade do sucesso ou fracasso
do show possa recair. Mesmo a vocalista Sharon den Ardel com toda sua beleza e
simpatia não chama para si tal responsabilidade. Ou seja, Within Temptation é
uma banda que consegue se abstrair das vaidades onde o único foco é a música. E,
acredite, todo mundo, público e banda, sai ganhando com isso.
“Fire and Ice” é o primeiro momento de calmaria. Mas como dizem: a calmaria precede a tormenta. “Ice Queen” é de longe o momento mais intenso do show, com público cantando cada verso e melodia. Não sei se os fãs mais afoitos se atentaram, mas a canção sofreu uma notória mudança de tom em relação ao registro em disco, visto que alcançar as notas originais não é uma tarefa das mais fáceis.
“Fire and Ice” é o primeiro momento de calmaria. Mas como dizem: a calmaria precede a tormenta. “Ice Queen” é de longe o momento mais intenso do show, com público cantando cada verso e melodia. Não sei se os fãs mais afoitos se atentaram, mas a canção sofreu uma notória mudança de tom em relação ao registro em disco, visto que alcançar as notas originais não é uma tarefa das mais fáceis.
Não faltaram sons
antigos fazendo contraponto com o novo álbum, por exemplo, “Stand My Ground” e
a novata “Sinéad” ou mesmo a pesada “Iron” fazendo parceria com “Angels”. O
álbum The Heart of Everything acha seu espaço no repertório da banda com “What
Have You Done” e “Our Solemn Hour”, mas pouco acrescentou ao saldo da noite. “Deceiver of Fools” e “Mother Earth” rememoram
mais uma vez o álbum homônimo a última canção citada e prova que ainda é o
disco mais querido entre os fãs.
Uma rápida pausa para esfriar as idéias, algo mais que merecido visto o calor sufocante que fazia na casa. Na volta ao palco, “Hand of Sorrow” é energética e retoma fácil, fácil, o pique do show. O grand finale fica por conta “Stairway to the Skies” que pouco conta a favor da banda, sendo uma canção facilmente substituível no set list dos holandeses.
Como comentei
anteriormente, depois de ter sobrevivido à entressafra do estilo que pratica e
ter passado pelo espinhoso processo de adequação de seu som, alterando-o a uma
declarada influência pop, e ainda permanecer com uma boa base de fãs, com
certeza é algo digno de muito respeito. E por parte do público carioca esse
respeito só aumentou na noite do dia 12/02, que nem mesmo as erratas do som
durante o show fez depreciar a boa performance dos holandeses. Ao público resta
esperar a volta da banda à cidade, que nas palavras da própria Sharon não vai
demorar nada a acontecer.