quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Blaze Bayley – Best of Tour 2014



Sucesso é conseqüência de talento. Talvez seja uma afirmação que possa ecoar um tanto simplória e óbvia, diga-se, mas fora muito bem aplicada na última sexta-feira, dia 25 de Julho, no festival Volta Redonda Rock/Rio de Janeiro, quando o vocalista Blaze Bayley cantou os primeiros versos de “Lord of the Flies”. 
 
Em uma apresentação digna de um best of, temas como as fugazes “The Launch” “Futureal” deram o tom que se manteria por toda noite. Prata da casa, o cantor sabe como se comunicar e desafiar o público brasileiro, o que colaborou, e muito, ao saldo positivo da noite. 

O supra-sumo de sua estada na Donzela de Ferro veio representado sob as melodias de “Sign of the Cross”, “The Clasman”, “Man on the Edge”, “Virus”, “Como Estais Amigos” e “Judgement of Heaven”. E não pense que os destaques da noite só vieram sob temas de Donzela, afinal, canções como “Silicon Messiah”, “Kill and Destroy”, “Voices from the Past” e “Watching the Night Sky” nunca passarão despercebidas.

A única bola fora, se é possível colocar de tal forma, foi a execução da canção Fear of the Dark, visto que Blaze possui um rico e consistente trabalho autoral, o que seria deveras interessante presentear seu público com temas como: “Born as a Stranger”, “Robot” e “Soundtrack of My Life”.
  
É sem grandes produções, mas com grande talento aliado a simplicidade e carisma, que o vocalista rechaça qualquer maledicência a sua trajetória artística. Tais predicados talvez sejam o que poucos têm e muitos desejam, e nesse quesito Blaze Bayley ganha, mais uma vez, merecida adulação, visto tamanha consideração ao se comunicar e relacionar com o público, distanciando da postura ultrajante de pseudo-rockstars.

Com dignidade Blaze conduz sua carreira. Ame-o ou o odeie, caro leitor. Mas é algo incontestável.  E é para quem mantém atenção a sua carreira que o cantor supera cada dificuldade e consegue viajar pelo mundo levando sua arte e seu talento.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Epica: celebrando o que chama de "repercussão esmagadora"

São poucas as bandas com vocais femininos que passaram ilesas ou pouco abaladas às intempéries do mercado fonográfico, mas os holandeses do Epica o fizeram e debutaram a segunda década de atividades em grande estilo com o lançamento do novo álbum, ‘The Quantum Enigma’.
Para saber mais do novo disco e o atual momento vivido pela banda que fomos bater um papo com líder da banda, Mark Jansen. O músico acredita que a banda está em sua melhor fase. Confira essa conversa abaixo.

Primeiro de tudo, parabéns pelo novo álbum, ‘The Quantum Enigma’. Como tem sido a repercussão até agora?

Mark Jansen: Eu mal podia esperar para ver o álbum lançado. Mesmo com o processo de gravação e produção finalizado em janeiro, levou tempo até o novo trabalho ser lançado. Esse longo tempo de espera é sempre ruim, afinal, você quer que as pessoas possam ouvir seu novo trabalho.
Mas é preciso ter uma ordem para ter um lançamento correto do disco, então, nós todos tivemos que esperar pacientemente. Agora que o álbum foi lançado é um grande momento. Finalmente seus fãs podem curtir a música que você trabalhou com tanta paixão. A única palavra que posso encontrar em relação à repercussão do álbum é: esmagador.

Nós nunca recebemos tantas boas reações como nesse disco. Mesmo as pessoas que normalmente não curtem tanto nossa música estão gostando e nos elogiando. A repercussão em relação a nossos fãs mais antigos também está muito positiva. O que mais eu poderia pedir? Eu acredito que esse álbum une nossos mais fortes elementos do passado com alguma coisa moderna e atual.

O Epica tem sua própria identidade construída desde os primeiros discos, mas nós podemos ver uma nova faceta desde ‘Design Your Universe’, com canções mais complexas e arranjos criativos; ‘Requiem for the Indifferent’ foi a evolução natural, mas ‘The Quantum Enigma’ eleva ao próximo nível com elementos do passado em sintonia com presente. Seria o melhor momento do Epica em toda a carreira?

MJ: Com toda certeza, sim! Eu estou muito orgulhoso e feliz com ‘The Quantum Enigma’. É de fato como trazer os pontos fortes do passado aliados aos novos elementos. Isso é o melhor que poderia acontecer com a gente. Quem sabe o que o futuro irá nos trazer, mas, com certeza, é um grande passo para nós.

É correto afirmar que ‘The Quantum Enigma’ é o começo de uma nova era, uma vez que ‘Retrospect’ é o final de um ciclo de uma década.

MJ: Sim! ‘The Quantum Enigma’ é o começo de uma nova era. Com ‘Retrospect’ nós visitamos nossos dez primeiros anos e gravamos com uma grande orquestra e coral. Agora é hora de olhar para frente com um novo som e, lógico, de ótima qualidade.

O Epica sempre trabalhou com Sascha Paeth (Avantasia, Kamelot) como produtor, mas o novo disco traz à mesa Joost van der Broek (After Forever, Ayreon) produzindo. O que sua experiência trouxe ao Epica nesse ponto da carreira?

MJ: Nós poderíamos continuar com Sascha por muitos álbuns, afinal, ele é um grande produtor, mas, às vezes, você precisa mudar alguma coisa para se renovar e sair da zona de conforto. Joost nos apresentou novos caminhos de trabalho, o que casou muito bem para nós. Ele estava lá quando nós terminamos as músicas, experimentamos sons diferentes e durante todo o processo de gravação e mixagem. Aquele cara tem muita energia e foi a pessoa certa para o trabalho e nos fez elevar ao próximo nível.

“The Quantum Enigma” é o primeiro registro de estúdio com Rob van der Loo. O que ele pôde oferecer à música do Epica? Ele já trabalhou em um álbum ao vivo e excursiona com a banda há algum tempo, você acha que isso o deixou mais confortável e livre em mostrar suas influências no estúdio?

MJ: Ele escreveu três músicas e mesmo que elas não tenham entrado no disco, são ótimas músicas, especialmente ‘In all Conscience’ que eu adoro. Ele achou seu próprio lugar no Epica e tem total liberdade em trazer suas próprias ideias. Ele se arriscou e fez um grande trabalho, além disso, Rob é um grande baixista e por isso as linhas de baixo estão arrebentando ainda mais.

No final dos anos 1990 e começo dos 2000, havia inúmeras bandas com mulheres à frente, mas muitas delas não sobreviveram ao teste do tempo. O Epica conseguiu e mais, provou que não era uma banda oportunista e que os predicados para construir uma carreira de sucesso não faltavam. O que você acha disso?

MJ: Nós vemos muitas bandas indo e vindo. Muitas copiaram um som na esperança de serem bem sucedidas. Quando descobrem que não foram, tratam de copiar outro tipo de som. Esse não é o caminho certo de seguir. Você tem que fazer exatamente a música que ama e seguir seu coração. Nós nunca procuramos estilos que foram populares, nós só tentamos novos elementos quando nós os sentimos. Ainda tem muitas bandas com vocais femininos que estão indo bem e até seria estranho se não fosse o caso. Para mim é muito normal ter uma mulher como vocalista. Aliás, o importante é o fato de saber cantar bem e fazer boa música.

As mídias sociais e o desenvolvimento tecnológico quebraram as barreiras entre artista e público, como você lida essa dinâmica de relacionamento e como conseguir benefícios disso?

MJ: Nós sempre fomos uma banda que manteve contato com os fãs, então, as mídias sociais só facilitaram as coisas. No passado havia mais distância. Eu gosto mais desse jeito, transparente e aberto. E é lógico que precisa ser dosado com privacidade também.

Mais do que nunca as imagens são fundamentais para comunicar conceitos, conteúdos e mostrar e vender produtos. Dito isso, um diretor de arte que entenda e faça uma peça em perfeita sintonia com sua arte é indispensável. O quanto o trabalho de Stefan Heilemann casou e contribuiu na arte do Epica?

MJ: Stefan casou muito bem com Epica. Ele pegou as letras e algumas poucas instruções e todo resto veio dele mesmo. Ele teve muita liberdade e não nos desapontou. Pelo contrário! Stefan nos deixou chapado com a capa que fez. Ele fez um excelente trabalho e foi com algumas letras e palavras que ele soube dar sua própria interpretação para a capa do álbum.

Hoje em dia criar conceito e montar um show se tornou mais complexo, visto que os efeitos visuais, por exemplo, não são mais um diferencial como antigamente. Como lidar com essa questão, de modo que motive mais os fãs comparecerem as apresentações ao vivo e os façam desacomodar e não ficarem apenas em casa no ‘streaming’?

MJ: Acredito que nada bate o show ao vivo. A energia e a interpretação que você sente quando está num show ao vivo não é substituível. Nós sempre tentamos dar valor à presença deles, investindo no show e tentando fazer um repertório que seja de interesse dos fãs e nós nos doamos em 100% à apresentação ao vivo.

O que o Epica planeja para o futuro? Há alguma chance dos fãs brasileiros assistirem a banda em 2014?

MJ: Não em 2014, mas em 2015 com certeza. Como a Simone não pode fazer turnês longas, por causa de seu bebê, nós tivemos que dividir a turnê em duas metades. Por isso, nós iremos à America duas vezes: primeira vez para o México e Colômbia e segunda para o Brasil, Argentina e Chile.

Obrigado pelo seu tempo!

MJ: Obrigado você!!!

Fonte: Fiz essa matéria para o site Território da Música. http://www.territoriodamusica.com/rockonline/noticias/?c=36158