São poucas as bandas com vocais femininos que passaram ilesas ou
pouco abaladas às intempéries do mercado fonográfico, mas os holandeses
do Epica o fizeram e debutaram a segunda década de atividades em grande estilo com o lançamento do novo álbum, ‘The Quantum Enigma’.
Para
saber mais do novo disco e o atual momento vivido pela banda que fomos
bater um papo com líder da banda, Mark Jansen. O músico acredita que a
banda está em sua melhor fase. Confira essa conversa abaixo.
Primeiro de tudo, parabéns pelo novo álbum, ‘The Quantum Enigma’. Como tem sido a repercussão até agora?
Mark Jansen:
Eu mal podia esperar para ver o álbum lançado. Mesmo com o processo de
gravação e produção finalizado em janeiro, levou tempo até o novo
trabalho ser lançado. Esse longo tempo de espera é sempre ruim, afinal,
você quer que as pessoas possam ouvir seu novo trabalho.
Mas é
preciso ter uma ordem para ter um lançamento correto do disco, então,
nós todos tivemos que esperar pacientemente. Agora que o álbum foi
lançado é um grande momento. Finalmente seus fãs podem curtir a música
que você trabalhou com tanta paixão. A única palavra que posso encontrar
em relação à repercussão do álbum é: esmagador.
Nós nunca
recebemos tantas boas reações como nesse disco. Mesmo as pessoas que
normalmente não curtem tanto nossa música estão gostando e nos
elogiando. A repercussão em relação a nossos fãs mais antigos também
está muito positiva. O que mais eu poderia pedir? Eu acredito que esse
álbum une nossos mais fortes elementos do passado com alguma coisa
moderna e atual.
O Epica
tem sua própria identidade construída desde os primeiros discos, mas
nós podemos ver uma nova faceta desde ‘Design Your Universe’, com
canções mais complexas e arranjos criativos; ‘Requiem for the
Indifferent’ foi a evolução natural, mas ‘The Quantum Enigma’ eleva ao
próximo nível com elementos do passado em sintonia com presente. Seria o
melhor momento do Epica em toda a carreira?
MJ:
Com toda certeza, sim! Eu estou muito orgulhoso e feliz com ‘The
Quantum Enigma’. É de fato como trazer os pontos fortes do passado
aliados aos novos elementos. Isso é o melhor que poderia acontecer com a
gente. Quem sabe o que o futuro irá nos trazer, mas, com certeza, é um
grande passo para nós.
É correto afirmar que ‘The Quantum
Enigma’ é o começo de uma nova era, uma vez que ‘Retrospect’ é o final
de um ciclo de uma década.
MJ: Sim! ‘The Quantum
Enigma’ é o começo de uma nova era. Com ‘Retrospect’ nós visitamos
nossos dez primeiros anos e gravamos com uma grande orquestra e coral.
Agora é hora de olhar para frente com um novo som e, lógico, de ótima
qualidade.
O Epica
sempre trabalhou com Sascha Paeth (Avantasia, Kamelot) como produtor,
mas o novo disco traz à mesa Joost van der Broek (After Forever, Ayreon)
produzindo. O que sua experiência trouxe ao Epica nesse ponto da carreira?
MJ:
Nós poderíamos continuar com Sascha por muitos álbuns, afinal, ele é um
grande produtor, mas, às vezes, você precisa mudar alguma coisa para se
renovar e sair da zona de conforto. Joost nos apresentou novos caminhos
de trabalho, o que casou muito bem para nós. Ele estava lá quando nós
terminamos as músicas, experimentamos sons diferentes e durante todo o
processo de gravação e mixagem. Aquele cara tem muita energia e foi a
pessoa certa para o trabalho e nos fez elevar ao próximo nível.
“The Quantum Enigma” é o primeiro registro de estúdio com Rob van der Loo. O que ele pôde oferecer à música do Epica?
Ele já trabalhou em um álbum ao vivo e excursiona com a banda há algum
tempo, você acha que isso o deixou mais confortável e livre em mostrar
suas influências no estúdio?
MJ: Ele escreveu três
músicas e mesmo que elas não tenham entrado no disco, são ótimas
músicas, especialmente ‘In all Conscience’ que eu adoro. Ele achou seu
próprio lugar no Epica
e tem total liberdade em trazer suas próprias ideias. Ele se arriscou e
fez um grande trabalho, além disso, Rob é um grande baixista e por isso
as linhas de baixo estão arrebentando ainda mais.
No
final dos anos 1990 e começo dos 2000, havia inúmeras bandas com
mulheres à frente, mas muitas delas não sobreviveram ao teste do tempo. O Epica conseguiu e mais, provou que não era uma banda oportunista e que os
predicados para construir uma carreira de sucesso não faltavam. O que
você acha disso?
MJ: Nós vemos muitas bandas indo e
vindo. Muitas copiaram um som na esperança de serem bem sucedidas.
Quando descobrem que não foram, tratam de copiar outro tipo de som. Esse
não é o caminho certo de seguir. Você tem que fazer exatamente a música
que ama e seguir seu coração. Nós nunca procuramos estilos que foram
populares, nós só tentamos novos elementos quando nós os sentimos. Ainda
tem muitas bandas com vocais femininos que estão indo bem e até seria
estranho se não fosse o caso. Para mim é muito normal ter uma mulher
como vocalista. Aliás, o importante é o fato de saber cantar bem e fazer
boa música.
As mídias sociais e o desenvolvimento tecnológico
quebraram as barreiras entre artista e público, como você lida essa
dinâmica de relacionamento e como conseguir benefícios disso?
MJ:
Nós sempre fomos uma banda que manteve contato com os fãs, então, as
mídias sociais só facilitaram as coisas. No passado havia mais
distância. Eu gosto mais desse jeito, transparente e aberto. E é lógico
que precisa ser dosado com privacidade também.
Mais do que
nunca as imagens são fundamentais para comunicar conceitos, conteúdos e
mostrar e vender produtos. Dito isso, um diretor de arte que entenda e
faça uma peça em perfeita sintonia com sua arte é indispensável. O
quanto o trabalho de Stefan Heilemann casou e contribuiu na arte do Epica?
MJ: Stefan casou muito bem com Epica.
Ele pegou as letras e algumas poucas instruções e todo resto veio dele
mesmo. Ele teve muita liberdade e não nos desapontou. Pelo contrário!
Stefan nos deixou chapado com a capa que fez. Ele fez um excelente
trabalho e foi com algumas letras e palavras que ele soube dar sua
própria interpretação para a capa do álbum.
Hoje em dia criar
conceito e montar um show se tornou mais complexo, visto que os efeitos
visuais, por exemplo, não são mais um diferencial como antigamente. Como
lidar com essa questão, de modo que motive mais os fãs comparecerem as
apresentações ao vivo e os façam desacomodar e não ficarem apenas em
casa no ‘streaming’?
MJ: Acredito que nada bate o show
ao vivo. A energia e a interpretação que você sente quando está num show
ao vivo não é substituível. Nós sempre tentamos dar valor à presença
deles, investindo no show e tentando fazer um repertório que seja de
interesse dos fãs e nós nos doamos em 100% à apresentação ao vivo.
O que o Epica planeja para o futuro? Há alguma chance dos fãs brasileiros assistirem a banda em 2014?
MJ:
Não em 2014, mas em 2015 com certeza. Como a Simone não pode fazer
turnês longas, por causa de seu bebê, nós tivemos que dividir a turnê em
duas metades. Por isso, nós iremos à America duas vezes: primeira vez
para o México e Colômbia e segunda para o Brasil, Argentina e Chile.
Obrigado pelo seu tempo!
MJ: Obrigado você!!!
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