A dramaturgia é a arte
de representar emoções por meio de personagens, e avaliando-a de uma forma descomplicada,
é composta, basicamente, do protagonista e coadjuvante, onde o primeiro possui
um perfil melhor desenvolvido enquanto ao segundo é reservado um
desenvolvimento, digamos, tímido.
Mas o que uma breve
explicação sobre dramaturgia serve para a crítica do show das bandas Mr. Big e
Winger? A resposta, caro leitor, é: tudo. E é indo contra conceitos da
dramaturgia que as duas bandas atuaram como protagonistas na noite do último
domingo (08), Fundição Progresso/RJ, colaborando para um saldo positivo a
todos: público e bandas.
Com seu hard
progressivo, o Winger abriu a noite com a novata “Midnight Driver of a Love
Machine”, faixa do mais recente álbum de estúdio, ‘Better Days Comin’ (2014).
Sempre comunicativo, o vocalista/baixista/tecladista Kip Winger é o tipo de
anfitrião que deixa a visita à vontade e feliz, e fora dessa forma que o
público cantou os versos da icônica, “Easy Come Easy Go”.
Levantar a bandeira da proeminência
técnica dos músicos – do citado Kip Winger; Reb Beach (guitarra); Rod
Morgenstein (bateria) e Donnie Smith (guitarra/baixo) – é chover no molhado,
visto que o espólio de suas obras foi responsável em ajudar moldar um estilo
musical e, principalmente, se perpetuar inexoravelmente ao tempo.
Em sabida decisão, o
repertório dos americanos foi balanceado com temas das mais novas safras como
“Rat Race” e “Pull Me Under” às inveteradas do teor de “Miles Away”;
“Madalaine”; “Seventeen” e “Can’t Get Enuff”. Como poucos, o Winger promete e
entrega um espetáculo, seja para seu público cativo ou para os marinheiros de
primeira viagem, que faz valer cada centavo gasto, ou melhor, investido.
Deixar o domingo com aquela
sensação e quê da felicidade de sexta a noite é uma tarefa que só bandas da
classe do Mr. Big consegue. E como conseguiu, diga-se! Amparado pelo mais
recente álbum de estúdio,‘...The Stories We Could Tell’, a banda americana presenteou
o público carioca com uma apresentação pautada pelo brilhantismo individual de
todos os músicos, repertório bem sacado e emoção de contar com a participação
especialíssima do baterista original, Pat Torpey, – substituído por Matt Starr,
completa a banda Eric Martin (vocal); Paul Gilbert (guitarra) e Billy Sheehan
(baixo) – afastado por questões médicas.
Canções do
multi-platinado álbum ‘Lean Into It’ como de “Daddy, Brother”, “Lover, Little
Boy (The Electric Drill Song)”; “Take Cover”; “Wild World”; “Alive and
Kickin’”; “Just Take My Heart”; “Green-Tinted Sixties Mind” e “To Be With You”
formaram um mix interessante com temas da natureza de “Undertow”; “Take Cover”;
“Gotta Love the Ride”; “Colorado Bulldog” e o cover do Priest,“Living After Midnight”.
Como em raras exceções,
o Mr. Big é uma banda a qual os predicados são aplicáveis a todos os músicos,
não há holofote ostentando atenção a um determinado membro, todos são
protagonistas e é exatamente isso que faz o primor e grandiosidade de sua
arte.
O saldo da noite foi
amparado com sorrisos largos a quem se dispôs sair de casa e conferir dois
grandes espetáculos de dois ilustres protagonistas, que rechaçam quaisquer
maledicências do festivo, alegre e prazeroso hard rock. Voltem sempre, o público
agradece!
Nota: Fiz a matéria para o veículo Whiplash.net - http://whiplash.net/materias/shows/218515-mrbig.html
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