Contar quantas apresentações a banda americana, Metallica,
fez no Brasil nos últimos tempos é uma contabilidade que faz os
entusiastas do som do maior pilar do thrash metal abrirem um sorriso de
orelha a orelha. E a coisa fica ainda mais especial quando as
apresentações são parte do menu do maior festival brasileiro, Rock in
Rio.
Em sua terceira edição seguida no festival, James Hetfield (voz e guitarra) & cia - Lars Ulrich na bateria, Kirk Hammet na guitarra e Rob Trujillo no baixo) trouxeram parte do supra-sumo de sua carreira,
o que foi mais que suficiente para que o numeroso público superasse o
cansaço e pouco se importasse para calor escaldante que cismava drenar a
energia de quem tivesse a audácia de pular para cima de qualquer mosh
pit.
Com “Fuel” começam os trabalhos e logo vem a enigmática e
pesada ‘For Whom the Bell Tolls’. “Battery” pode se dar ao luxo de
constar no setlist do apocalipse mundial, visto a avalanche sonora de
pura fúria que saía dos PAs. Uma pausa para respirar e dar boas vindas
ao público e logo se vê o quanto Sir. Hetfield é aquele raro caso no
qual o indivíduo tem a manha de fazer bem seu trabalho - que é tocar e
cantar - e tem carisma de sobra que o coloca num patamar acima de muitos
pseudo-rockstars.
Apontar deslizes ou descuido nas apresentações
da banda é uma tarefa inglória, mas, infelizmente, mesmo com as
engrenagens tão azeitadas a execução do clássico “Ride the Lightning”
ficou prejudicada pela ausência do som em dois momentos seguidos, o que
levou os americanos abandonarem, por breve momento, o palco, gerando
visível descontentamento nos músicos.
Sanada a escorregadela, a
banda se retratou com canções do quilate de “Sad But True”, “Master of
Puppets”, “One”, “Fade to Black”, “Seek and Destroy” e “Wherever I May
Roam”, que fizeram o público evaporar de suas lembranças quaisquer
resquícios de problemas técnicos e prestigiar uma das maiores
identidades da música pesada em atividade.
Na contramão das
apresentações anteriores, a banda optou por uma produção de palco um
tanto diferente, sem fogos ou efeitos especiais, mas deveras especial,
com alguns felizardos fãs assistindo ao show em cima do palco, bem
pertinho de seus heróis, e, lógico, servindo também de “ornamentação” do
espetáculo.
Para o último ato da noite, a banda cumpre a cartilha
de ficar na zona de conforto e dar aos fãs o que querem: clássico.
Então, nada mais óbvio que sacar temas do teor de ‘Nothing Else Matters’
e ‘Enter Sadman’.
Com pouco mais de duas horas de show, o Metallica
fez uma apresentação sólida pautada em sua zona de conforto, ou seja,
alicerçada por parte de seus maiores ‘hits’. Nem mesmo o descuido de sua
produção em deixar o som morrer em certo momento foi responsável em
empalidecer o show, tampouco depreciar sua posição de vanguarda no
thrash metal mundial.
Nota: Fiz a matéria para o site Território da Música: http://www.territoriodamusica.com/noticias/?c=40363
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