sábado, 30 de abril de 2011

Xystus - Entrevista


A banda holandesa XYSTUS lançou o DVD Equilíbrio Live & Double CD, com convidados de grande nome na cena metálica mundial, como: Simone Simmons (EPICA) George Oosthoek (ORPHANAGE), John Vooijs (TARZAN), entre outros, para comemorar o 10º aniversário da banda, demonstrando uma postura muito audaz em sua carreira. Na entrevista a seguir, o educado baterista, Ivo Van Dijk, fala com sobre todo processo de concepção dos álbuns Equilibrio e Equilibrio Live, carreira, projetos futuros, atual momento da banda, e muito mais...

Olá Ivo! As pessoas aqui no Brasil não conhecem muito sobre a banda, você poderia se apresentar e dizer um pouco sobre a música do Xystus.

Ivo Van Dijk: Xystus é uma banda holandesa, que começou as atividades no ano de 1999. Nós éramos muito jovens naquela época, estávamos começando a tocar. Eu sou baterista, e nos álbuns eu cuido dos teclados também, nós temos nosso vocalista e guitarrista Bas, o incrível guitarrista Bob e nosso novo membro: o baixista Luuk.

Nós lançamos três álbuns, um DVD e, até agora, um single. “Equilíbrio”, o novo álbum, é o nosso primeiro disco a ser lançado no seu país, nós estamos muito felizes com isso! Brasil tem uma cena incrível. A música do álbum “Equilíbrio” pode ser descrita como: epic/symphonic/musical metal. Em nossos álbuns anteriores “Surreal” (2007) e “Receiving Tomorrow” (2004), nós, geralmente, nos descrevíamos como symphonic/progressive metal. O DVD que foi lançado é a fase atual de “Equilíbrio – The Metal Musical”.

A história da banda Xystus começou em 1999, como têm sido os últimos 10 anos? Naquela época foram muitas as dificuldades? Como vocês conseguiram superar os obstáculos e problemas? (Eu estou fazendo essa pergunta, por que muitos jovens músicos estarão lendo essa entrevista, e o seu relato pode ser inspirador para eles superarem as dificuldades).

Ivo: Há muitas coisas, eu realmente nem sei por onde começar! Nós sempre superamos nossos problemas e dificuldades, porque tínhamos uma base sólida, pelo menos duas pessoas no começo, Bas e eu. Desde 2004 a base foi expandida com Bob, e contando que isso esteja lá, nada pode dar muito errado. A única dica que tenho a oferecer: As pessoas deveriam tomar muito cuidado, quando for assinar um contrato. Nós perdemos direito de nossos dois primeiros álbuns por causa de um contrato estúpido, o qual estava envolvido pessoas mais estúpidas ainda. Esse tipo de coisa acontece, mas vocês devem superar todos esses tipos de coisas, contando que vocês acreditem no que estejam fazendo. É muito importante ter uma comunicação aberta e honesta dentro da banda, o que foi uma coisa que nós fomos capazes de estabelecer a alguns meses atrás pela primeira vez. Isso nos ajudou muito no momento que tivemos que despedir dois membros. Nós nos tornamos mais fortes, estamos ansiosos para colocar isso no próximo álbum!

Hoje em dia, nós temos muitos estilos diferentes de metal. Xystus pode ser classificado como uma banda de symphonic progressive metal? Eu tenho que ser sincero com você, há milhares de bandas tocando o estilo que chega ser maçante. Qual o quê que podemos encontrar na música do Xystus.

Ivo: Eu, pessoalmente, odeio ser rotulado. É verdade que nós usamos elementos de symphonic e progressive metal. Nós nunca damos a nossa música um rótulo. Eu acho que nos diferencia em álbuns como “Surreal” e “Receiving Tomorrow”, é o uso de elementos de metal industrial, e nós tentamos escrever música que são compactas e cativantes. Nós não gostamos de solos de 4 minutos de duração. Apenas um refrão cativante e alguns versos bacanas são as nossas preferências. Contando que a banda faça isso, eu não acho que vá ficar entediado com quaisquer que seja o gênero.

A banda começou em 1999, mas o primeiro disco, Receiving Tomorrow, foi lançado em 2004, porque a demora para lançar um full lenght?

Ivo: Muito simples. Nós fundamos a banda em 1999, foi no mesmo ano que eu comecei a tocar bateria, eu tinha 17 anos de idade. Bas começou a tocar guitarra um ano antes de mim. Ou seja, nós tínhamos que aprender a tocar. Nós aprendemos tocando sons antigos do Metallica e algumas coisas do Megadeth. Eu comecei a escrever algumas músicas alguns meses depois que nós começamos a fazer isso. Nós éramos novos para tudo, naquela época! Então, não é nenhuma surpresa nós demorarmos um tempo antes de lançar nosso primeiro álbum.

Em 2005, vocês excursionaram pela Europa com as bandas Epica e Kamelot, como foi essa experiência? O que vocês trouxeram para a música da banda?

Ivo: A turnê com a Épica ainda é um dos destaques em nossa carreira. Nós nos divertimos muito com os caras da banda e com a equipe. Fizemos ótimos shows. Nós ainda temos contato com eles, o que deixa claro com a participação de Simone Simmons no álbum “Equilíbrio”. Eu os conheço desde que começaram, e sempre tivemos bom relacionamento.

Na verdade, Mark Jansen (guitarrista e vocalista – Epica) foi quem arrumou da gente tocar com o Kamelot. Eu recebi uma ligação do Thomas Youngblood (guitarrista – Kamelot) perguntando se nós gostaríamos de abrir alguns shows para eles. Eu era um grande fã da banda, e eu fiquei totalmente temeroso. Eu conheci Casey (baterista – Kamelot) há alguns anos e nós tivemos uma grande e divertida conversa sobre bateria. Como você pode ver, o mundo é bem pequeno, e tudo, eventualmente, volta a se encontrar, ficar junto.

O segundo álbum, Surreal, Bob Wijtsma; Mark Brekelmans e Joris van de Kerkhof juntaram-se a banda, e nós podemos sentir Xystus como uma unidade, soando como uma banda, não só como um projeto.

Ivo: Isso em parte é verdade. Bob se juntou depois de termos lançado o primeiro álbum, e Mark e Joris se juntaram quando o segundo álbum já estava lançado, então, eles, na verdade, não tiveram nada a ver com a criação do disco Surreal. Nós nunca consideramos Xystus um projeto, aconteceu que nós nunca fomos capazes de encontrar um bom tecladista antes do lançamento do álbum Surreal. Infelizmente, parece que as chances desse line-up continuar são pequenas, mas desde que Bob, Bas e eu estejamos presentes, nós sempre levaremos a banda adiante. Eu sempre cuidei das músicas e Bas das letras e melodias vocais. Há um mês ou dois, eu estou escrevendo com Bob também, e tem funcionado muito bem. Então, o novo disco, certamente, terá incríveis riffs de Bob também.

Vamos falar um pouquinho sobre o disco Equilíbrio. Qual o conceito do álbum? Pode ser considerado o melhor e mais completo álbum já feito pela banda?

Ivo: Equilíbrio é um álbum difícil de definir quando está dentro e envolvido com a banda. Nós consideramos Equilibrio como um projeto feito pela a banda. Nós não necessariamente chamamos de melhor álbum. Eu acho que consideraria Surreal o melhor. Mas Equilíbrio é o mais especial para nós porque trabalhamos duro para fazer o show completo e o disco é uma parte disso. Nos traz ótimas lembranças de estar no palco com a orquestra e fazer aquelas apresentações. É, sem dúvida, o empreendimento mais complexo o qual já estivemos envolvidos, e nos tomou um grande tempo (nós já estávamos trabalhando no álbum, quando estávamos ocupados com a mixagem do disco Surreal). Mas o DVD é uma coisa que nós todos consideramos o melhor lançamento da banda, até agora.

Equilíbrio é um corajoso e ambicioso trabalho, nós estamos falando sobre uma opera rock. Várias bandas já fizeram trabalhos como esse. Quais novidades encontramos no disco?

Ivo: A grande diferença está, provavelmente, que o álbum Equilíbrio foi escrito como um espetáculo para palco! Eu não acho que Ayreon ou Avantasia levaram em consideração que os personagens seriam visíveis e pudessem interagir com o outro, como eles fazem no Equilíbrio. Além disso, nós quisemos que ambas: banda e orquestra trabalhassem igualmente duro. Muitos álbuns que têm orquestra a usa somente em algumas partes, mas nós quisemos a orquestra como um membro da banda. Esse foi o grande desafio e é isso que nos diferencia de outras operas rock.

No álbum há algumas boas surpresas como Simone Simmons (EPICA), George Oosthoek (ORPHANAGE), John Vooijs (TARZAN) e Michelle Splietelhof (LES MISERABLES). Como foi o envolvimento deles?

Ivo: Todas as pessoas envolvidas foram maravilhosas e muito entusiasmadas. Foi também um aprendizado para todos os envolvidos. John e Michelle nunca tocaram com uma banda de Rock, nem com uma orquestra. Bas, Simone e George nunca atuaram, a banda nunca tocou com uma orquestra completa, nós éramos parte de algo muito grande. Foi ótimo para todo mundo. Nós nos divertimos com todo o elenco também: os dançarinos e coral e com a própria orquestra, lógico.

Nós estávamos felizes como tudo estava se encaixando, e esse era o nosso objetivo. Isso era, de fato, a idéia toda em torno do Equilíbrio: Trazer equilíbrio para todos esses diferentes gêneros e para as pessoas envolvidas! Eu acho que fomos bem sucedidos, mas vocês precisam ver o show para compreender isso. O CD não é suficiente para isso. Equilíbrio foi também um produto visual.

Vocês acabaram de lançar Equilíbrio Live DVD & Double CD. Foi uma ótima maneira de celebrar o 10º aniversário. Vocês tocaram com uma orquestra completa (04 de Julho de 2008 – Utrecht/Holanda) com 130 pessoas no palco. O quão significante foi para vocês? E o que dessa experiência vocês trarão para o próximo álbum?

Ivo: De novo, eu não sei por onde começar. Nós nos juntamos à orquestra por volta de dois anos antes dos shows. Eu comecei escrever em Fevereiro, de 2007, e teve um prazo-limite até o final do mesmo ano. Eu tive esse tempo para escrever 90 minutos de música! Parece fácil, né? Mas não é. Tinha que ter uma conexão com a história. Depois de todo processo de composição, nós trabalhamos no álbum e na promoção para os shows fazendo entrevistas em rádios e revistas, nós estávamos ocupados com desenvolvimento de camisas, folhetos para divulgação e um monte de outros tipos de merchandise. Nós fizemos todo o projeto independente, sem gravadora.

Os shows em si foram pura magia para nós! Foi tão diferente de um show normal. Havia tanta motivação e muito stress, tudo tinha que estar perfeitamente sincronizado. Nós tínhamos dançarinos entrando e saindo do palco, suporte, vídeos nos telões, etc. Muita coisa estava acontecendo. A reação da platéia foi incrível, muitas pessoas vinham nos assistir pela segunda vez no mesmo fim de semana, porque elas não conseguiam ver tudo que estava acontecendo. Foi um projeto maravilhoso, mas é muito improvável que façamos um novo Equilibrio. Ou pelo menos, não dessa forma.

Desde que nós escrevemos esse opera rock muitas coisas foram levadas em consideração, com isso, nós decidimos, para o novo álbum, voltar ao básico. Vai ser um álbum mais voltado para a guitarra e, definitivamente, será muito mais pesado. Eu acho que é uma reação natural a um projeto como Equilibrio, onde a banda teve dar um passo para trás, para que a orquestra tivesse mais espaço.

O baixista Luuk Van Gerven (ex-After Forever) se juntou à banda. Como vocês o escolheram? Foi o primeiro nome ou vocês consideraram outros?

Ivo: Luuk foi o primeiro cara que eu chamei quando nós decidimos despedir os outros membros. Nós tocamos alguns shows com o After Forever antes deles se separarem. Depois que os membros antigos saíram, eu conversei com o baterista, Sander Zoer, da banda Delain, e ele comentou que eu deveria entrar em contato com Luuk. Então, eu entrei. Nós ensaiamos uma vez juntos e teve um clique na mesma hora. Entretanto, nós chegamos a fazer outros testes antes de tomar a decisão final, mas Luuk nos pareceu como a melhor escolha. Ele é uma adição para a banda, e vocês certamente constarão no próximo álbum.

Há alguma chance de excursionar com esse show pela Europa ou para outras partes do mundo?

Ivo: Nós esperamos que sim, mas as chances são muito pequenas. Alguém com muito dinheiro têm que estar dentro para fazer isso acontecer, ou pelo menos, uma orquestra que esteja disposta a participar disso! Nós vamos trabalhar nisso, com certeza...

Nós estamos encerrando a entrevista e gostaríamos de saber só mais uma coisa. Quais os três melhores álbuns, em sua opinião, dos anos 70, 80 e 90?

Ivo: Essa é difícil. Claro, Metallica Master of Puppets, esse é um excelente disco. Blind Guardian – Nightfall in Middle-Earth, foi o meu primeiro álbum de symphonic metal e, ainda hoje, o adoro. A complexidade das musicas é muito bonita e encantadora. Por fim, Megadeth – Rust in Peace, excelente álbum e banda.

Muito obrigado. Esse é o seu espaço, você pode dizer o que quiser!

Ivo: Obrigado por gastar seu precioso tempo e dar espaço a nossa banda! Nós esperamos que vocês gostem de nossos álbuns e do DVD Equilíbrio. E esperamos fazer alguns shows no seu maravilhoso país, e poder encontrar com todos os fãs brasileiros. Confiram nosso site: www.xystus.nl ou www.myspace.com/xystusmusic . Obrigado e Rock on!

Nota: Fiz a entrevista para o site Novo Metal, em 2009.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Ozzy Osbourne: Let me hear you Scream Rio


Está certo que o ano não começou ontem, mas chega ser impressionante que nesses poucos meses de 2011 o Brasil tenha recebido tamanha quantidade de shows internacionais. Para o bem ou para mal, apresentações de peso no circuito gringo como o pop metido a rock do U2; passando pela choradeira desenfreada do inofensivo 30 Seconds to Mars; com rápida visita à chatice sem igual do Avenged Sevenfold; sem esquecer da pompa dos americanos do Kamelot até chegar ao heavy metal ‘classudo’ do Iron Maiden têm garantindo a alegria do público brasileiro. E para adicionar um bocado de peso nesse pacote, como não poderia ser diferente, o velho Ozzy Osbourne, para os íntimos Prince of Darkness, veio mostrar com quantos paus... Ou melhor, com quantos clássicos do rock se faz um bom show.

Divulgando seu mais recente álbum, Scream, a perna sul-americana da turnê contou com expressivo número de onze datas, sendo cinco delas em território brasileiro – Porto Alegre (30/03); São Paulo (02/04); Brasília (05/04); Rio de Janeiro (07/04) e Belo Horizonte (09/04) – ou seja, fora o fator financeiro, não havia desculpas para não prestigiar o velho madman e sua nova banda. Sendo assim, lá fui eu ‘enfrentar’ um Citibank Hall (Rio de Janeiro) em dia de lotação máxima.

Com malícia adquirida em seus quarenta anos de rock n’ roll, Ozzy Osbourne sabe melhor que ninguém o que funciona ou não no palco. Dito isso, “Bark at the Moon” foi propositalmente colocada como debutante para atear, sem dó, fogo no público, e delinear toda dinâmica do show. “Let me hear you Scream” com seu quê de rock de arena representou muito bem o novo disco, pena que tenha sido a única. Vale ressaltar que essa nova bolacha de Mr. Osbourne é a melhor coisa feita desde Ozzmosis (1995), por isso, mais uma ou duas canções do álbum não seria de todo mau.

Pausa para uma rápida conversa e boas vindas ao público, para então anunciar um dos pilares do heavy metal, “Mr. Crowley”. Daí para frente, o show foi uma sucessão de clássicos, e por que não, uma nostálgica viagem ao tempo. Dos anos 1990 vieram temas do multiplatinado álbum, No More Tears, como a autobiográfica “Road to Nowhere”; a balada “Mama I’m Coming Home” e a ganhadora de Grammy “I don’t Want to Change the World”. Os anos 1980 foram representados pela impecável “I don’t Know”; a espalhafatosa “Shot in the Dark”; a debochada e bonachona “Suicide Solutions” e, lógico, a crítica “Crazy Train”. Mas nenhuma viagem ao tempo é completa sem uma breve passadinha nos saudosos anos 1970. De lá veio à ‘viajandona’ “Fairies Wear Boost”; a politizada e irônica “War Pigs”; “Iron Man” é certeira com sua melodia e peso, assim como “Paranoid” é com sua simplicidade, sendo a canção mais que indicada a encerrar com louvor a quarta passagem do pai do heavy metal, no Brasil.

Como Ozzy Osbourne havia prometido em sua última turnê pelas bandas de cá, em 2008, que não demoraria nada para um retorno, o velho madman não só cumpriu sua promessa, como também trouxe uma apresentação superior e uma banda mais afiada e pesada. Vale relembrar que nenhum dos músicos – Gus G (guitarra); Tommy Clufetos (bateria); Rob ‘Blasko’ Nicholson (baixo) e Adam Wakeman (teclado e guitarra base) – que acompanha o Prince of Darkness são iniciantes ou crus no universo rock ‘n roll, pelo contrário, o tempo e a experiência de estrada, aliada a técnica, têm colocado essa formação como uma das mais completas da carreira de Ozzy Osbourne. E mais. A entrada de Gus e Tommy foi essencial para reavivar a sensação de frescor, o que é essencial para música, no específico caso, tem sido determinante para o saldo positivo da Scream Tour 2011. Vida longa John Michael ‘Ozzy’ Osbourne!


Nota: Também publicada no Jornal do Interior Sul Fluminense.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Ozzy Osbourne: Scream for me Rio de Janeiro

Que o Brasil – e no especifico caso, Rio de Janeiro - já se tornou rota das grandes turnês e bandas é fato consumado, mas receber em menos de quinze dias os shows de Iron Maiden e Ozzy Osbourne chega ser covardia. Duas das bandas que ainda merecem alguma atenção e não se coloca no hall dos navios afundados. Com isso, o público teve que se virar nos trinta para conseguir dindin e prestigiar as lendas ao vivo e cores.

E pelo visto o público se virou nos quinze. Com um Citibank Hall lotado o velho Prince of Darkness cumpriu a promessa feita na última turnê, em 2008, que não demoraria nadinha para uma volta à Cidade Maravilhosa. Sabiamente a energética “Bark at the Moon” é a canção que abre a noite e dá o tom de como seria o resto da apresentação do madman. Na mesma entoada “Let me Hear you Scream” não deixa a peteca cair, mesmo sendo uma canção nova e estar longe de representar todo o poderio do set list do cantor.

Depois uma breve conversa com público, o que serviu para atiçar e desafiar mais um tanto, o vocalista anuncia “Mr. Crowley” que vem rememorar a importância do álbum Blizzard of Ozz para história do rock, e, inevitavelmente, acaba vindo à cabeça que foi bendita hora que Ozzy tomou o pé na bunda dos antigos ‘compadres’ do Sabbath.“I don’t Know” é mais uma representante do clássico disco, e registra em cartório o que foi dito anteriormente.

Não é nada legal fazer comparações entre músicos – ou arte, de forma geral -, afinal cada um tem sua personalidade e imprime na arte aquilo que sente. Mas desconsiderando cegamente essa afirmação e, sim, cometendo a audácia de fazer comparações. Essa nova turnê, assim como a banda, está a passos largos a frente do que foi apresentado em 2008. A banda soa melhor e mais pesada; há mais garra e vontade de fazer um bom espetáculo, ainda que sejam requisitos para lá de simplórios, e que alguns insistem em subestimar, determinam, sem sombra de dúvida, o sucesso de uma banda no palco. E para Ozzy e sua trupe foram itens decisivos e de sobra na atual turnê, ainda bem.

“Fairies Wear Boots” com sua letra pra lá de lisérgica é bem recepcionada, sendo a primeira canção resgatada do álbum “Paranoid”. Em mais uma rápida viagem ao tempo, “Suicide Solutions” com seu deboche e crítica aos beberrões de plantão prova que rock e simplicidade são um casamento mais que perfeito. Nessa altura do show já era mais que tempo suficiente para se ter o diagnóstico: Gus G foi escolha mais que bem acertada. Boa técnica, musicalidade e ótima performance fazem do jovem guitarrista um nome diferenciado. E mais. Conseguiu imprimir na música de Ozzy seu estilo sem desfigurar as canções.

Ozzy não economizou nos clássicos. Do fundo do baú veio “Shot in the Dark” com seu ar glamoroso dos anos 1980; “Road to Nowhere” já é de casa e é garantia de boa recepção pelos fãs. Foi um dos melhores momentos da noite, com Citibank Hall cantando cada verso da canção. “War Pigs” faz parte do beaba do rock pesado, poucas coisas soam e ou têm pretensão de soar tão pesado e melódico ao mesmo tempo. O momento esfria do show ficou por conta de “Rat Salad”, tema instrumental que contou com solos individuais do guitarrista Gus G e o baterista Tommy Clufetos. Mesmo com Gus dando uma boa aula de guitarra e a lambuja de um brasileirinho e Tommy com sua enérgica apresentação, foi um momento dispensável do show. Seria interessante voltar com Killers of Giants, canção que era tocada na primeira perna da turnê.

Depois de recuperado fôlego Ozzy retoma as rédeas do show com “Iron Man”. Desnecessário enfatizar o poder que a canção tem ao vivo, bem como recepção calorosa dos fãs a ela. A ganhadora de Grammy, “I Don’t Want to Change the World”, consegue fazer uma dobradinha esperta com “Crazy Train”, fechando com chave de ouro a primeira parte da apresentação.

Sem muito tempo a perder, o velho madman volta ao palco com o carisma e emoção de “Mama I’m Coming Home”. “Vocês querem mais uma música?”, diz o cantor. Pergunta com resposta mais que obvia. Ozzy deu cheque mate com “Paranoid” e, lógico, levando todos à loucura. E foi assim: em uma hora e trinta de show que o Prince of Darkness aprontou mais uma de suas bagunças no Rio de Janeiro. É cedo para cantar a pedra, mas que há grande chance de um disco bacana com essa formação isso não há dúvida. Que se profetizem essas palavras. Vida longa ao pai do heavy metal!!!

Também publicada no site Whiplash. Segue o link: whiplash.net/materias/shows/128505-ozzyosbourne.html

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Iron Maiden: Longe da Última Fronteira!



Desde a primeira edição do festival Rock in Rio, em 1985, o Brasil vem se tornando parada obrigatória dos grandes nomes da música internacional, fato que ganhou ainda mais força nos últimos cinco ou seis anos. Dentro desse pacote há um dos maiores expoentes, talvez o maior nome, do heavy metal, Iron Mainden. Em sua 8ª passagem pelo país os britânicos estão divulgando o ótimo álbum, The Final Frontier. Título que colocou pulga no ouvido dos mais afoitos por abrir margem à idéia de ser o último álbum da carreira do, hoje, sexteto. Com seis datas – São Paulo (26/03); Rio de Janeiro (27/03); Brasília (30/03); Belém (01/04); Recife (03/04) e Curitiba (05/04) – anunciadas no Brasil, o Iron Maiden vem “maidenizando” e provando que fazer heavy metal de qualidade é para poucos – para cabra macho diria os mais exagerados e machistas.

No último Domingo era vez dos fãs cariocas conferirem à nova turnê, e logo na entrada do HSBC Arena um número surpreendente de fãs já se acotovelavam, afinal, cada metro conquistado significava ficar mais próximo dos ‘heróis’ – Steve Harris (baixo); Bruce Dickinson (vocal); Dave Murray, Adrian Smith e Janick Gers (guitarra) e Nicko McBrain (bateria). Por conta da euforia dos fãs e uma má organização do evento, que atrasou a abertura dos portões em pelo menos uma hora, começaram-se alguns probleminhas, que até poderiam ser facilmente resolvidos, mas não sendo poderiam transformar em uma bola de neve daquelas. Batata! Essa dobradinha resultou em algumas divisórias/barreiras de metal derrubadas; empurra empurra e uma desordem na fila. Quem chegou cedo para garantir um bom lugar viu seu sacrifício não valer nada.

Ainda com mais da metade do público fora do HSBC Arena a banda de abertura, a brasileira, Shadowside, fez sua apresentação. Lamentável boa parte do público não ter tido oportunidade de conferir o trabalho da banda santista, com certeza, estarão, muito em breve, dentre os grandes do heavy metal nacional. Passado mais de uma hora do planejado, a banda britânica deu os primeiros acordes de “...The Final Frontier”, entretanto, o que deveria ter sido uma dos melhores momentos da noite logo se tornou na maior dor de cabeça. A barreira de divisão entre pista e o palco rompe, sendo assim, o público invade o espaço reservado para jornalistas e fotógrafos, e por muito pouco não há invasão no palco. Imediatamente o cantor Bruce Dickinson para de cantar; pede calma ao público e insiste que todos deveriam dar um passo para trás, a fim de manter a integridade dos fãs, bem como, ajudar, de alguma forma, no reparo do problema. Fazendo o papel de um verdadeiro líder o vocalista pede, mais uma vez, paciência ao público, e promete um retorno ao palco em dez minutos.

Infelizmente, a produção do evento não conseguiu sanar os problemas, e o vocalista voltou, sim, ao palco, mas para uma notícia nada amistosa. “Nós não queremos que ninguém se machuque, a prioridade é a segurança de vocês”, diz o cantor. E acrescenta que o show será remarcado para o dia seguinte, e quem não pudesse voltar teria o dinheiro de volta. Com grande insatisfação os fãs deixam o HSBC Arena num dia que tinha tudo para ser inesquecível. Pelo menos inesquecível no bom sentido!

Nada melhor que começar a semana com um show do Iron Maiden. Essa, talvez, fosse a melhor maneira de encarar a empreitada de ir à Barra da Tijuca para conferir o show. Com uma melhor organização, o público conseguia ter acesso à casa sem filas quilométricas; empurra empurra, e melhor, com uma produção até gentil, esclarecendo qualquer dúvida de maneira educada.

Com uma ótima produção e visual de palco, a lenda do heavy metal, Iron Maiden, começa sua apresentação – ou purificação, diriam os fãs mais ardorosos – com as sacadas hard de “...The Final Frontier”. Sem dúvida uma das melhores do novo álbum! “El Dorado” é a que dá continuidade ao show, a canção teve boa resposta, mas está longe de representar a força da banda. “Two Minutes to Midnight”, sim, consegue fazer HSBC Arena vir abaixo, afinal, é um dos clássicos do álbum Powerslave.

Em rápida conversa com o público o vocalista, Bruce Dickinson, faz as honras da casa e comenta do incidente do dia anterior, e mais, enaltece a todos que voltaram para prestigiar a banda. Em seguida, anuncia à irrepreensível “The Talisman”. “Coming Home” é mais uma do novo disco, e como o próprio cantor disse: “Essa canção é sobre nós. Tem a ver com o processo de estarmos sempre em turnês pelo mundo, e cedo ou tarde, termos de voltar para nossas casas.” Com grande interpretação fora um dos pontos altos do show.

Não faltaram novos e velhos clássicos da Donzela de Ferro (Iron Maiden) no show. É difícil imaginar uma apresentação da banda sem a acelerada “The Trooper”; a progressiva “The Evil That Men Do”, com direito a aparição do mascote Eddie no meio da canção; ou mesmo a sinistra “Fear of the Dark”. Dos novos clássicos os britânicos brindaram o público com a complexa “Dance of Death”; energética “The Wicker Man”; emocionante “Blood Brothers”, dedicada aos “irmãos” do Japão que estão passando por um triste período de provação e When the Wild Wind Blows, com sua inteligente crítica às mudanças e catástrofes climáticas. A primeira parte do show é encerrada com a canção “Iron Maiden”, onde, mais uma vez, o mascote Eddie da o ar da graça, mas dessa vez numa versão um tanto maior com seus incríveis oito metros.

Para o encore (bis) a celebre “The Number the Beast” rememora o porquê do álbum The Number of the Beast, de 1982, ter passado ao teste do tempo. Qualidade acima de qualquer suspeita. “Hallowed Be Thy Name” é mais uma do disco de 1982, e mais uma vez digo que ao lado de Alexander the Great é a melhor composição da Donzela. O grand finale é com a meio punk, meio rock e meio metal “Running Free”. Uma hora e cinqüenta e cinco de show o Iron Maiden prova o porquê de ser maior banda de heavy metal. Os fãs já estão na contagem do próximo disco de estúdio e nova turnê. Ah! Da próxima vez sem atrasos e cancelamento de show, ok produção?