Está certo que o ano não começou ontem, mas chega ser impressionante que nesses poucos meses de 2011 o Brasil tenha recebido tamanha quantidade de shows internacionais. Para o bem ou para mal, apresentações de peso no circuito gringo como o pop metido a rock do U2; passando pela choradeira desenfreada do inofensivo 30 Seconds to Mars; com rápida visita à chatice sem igual do Avenged Sevenfold; sem esquecer da pompa dos americanos do Kamelot até chegar ao heavy metal ‘classudo’ do Iron Maiden têm garantindo a alegria do público brasileiro. E para adicionar um bocado de peso nesse pacote, como não poderia ser diferente, o velho Ozzy Osbourne, para os íntimos Prince of Darkness, veio mostrar com quantos paus... Ou melhor, com quantos clássicos do rock se faz um bom show.
Divulgando seu mais recente álbum, Scream, a perna sul-americana da turnê contou com expressivo número de onze datas, sendo cinco delas em território brasileiro – Porto Alegre (30/03); São Paulo (02/04); Brasília (05/04); Rio de Janeiro (07/04) e Belo Horizonte (09/04) – ou seja, fora o fator financeiro, não havia desculpas para não prestigiar o velho madman e sua nova banda. Sendo assim, lá fui eu ‘enfrentar’ um Citibank Hall (Rio de Janeiro) em dia de lotação máxima.
Com malícia adquirida em seus quarenta anos de rock n’ roll, Ozzy Osbourne sabe melhor que ninguém o que funciona ou não no palco. Dito isso, “Bark at the Moon” foi propositalmente colocada como debutante para atear, sem dó, fogo no público, e delinear toda dinâmica do show. “Let me hear you Scream” com seu quê de rock de arena representou muito bem o novo disco, pena que tenha sido a única. Vale ressaltar que essa nova bolacha de Mr. Osbourne é a melhor coisa feita desde Ozzmosis (1995), por isso, mais uma ou duas canções do álbum não seria de todo mau.
Pausa para uma rápida conversa e boas vindas ao público, para então anunciar um dos pilares do heavy metal, “Mr. Crowley”. Daí para frente, o show foi uma sucessão de clássicos, e por que não, uma nostálgica viagem ao tempo. Dos anos 1990 vieram temas do multiplatinado álbum, No More Tears, como a autobiográfica “Road to Nowhere”; a balada “Mama I’m Coming Home” e a ganhadora de Grammy “I don’t Want to Change the World”. Os anos 1980 foram representados pela impecável “I don’t Know”; a espalhafatosa “Shot in the Dark”; a debochada e bonachona “Suicide Solutions” e, lógico, a crítica “Crazy Train”. Mas nenhuma viagem ao tempo é completa sem uma breve passadinha nos saudosos anos 1970. De lá veio à ‘viajandona’ “Fairies Wear Boost”; a politizada e irônica “War Pigs”; “Iron Man” é certeira com sua melodia e peso, assim como “Paranoid” é com sua simplicidade, sendo a canção mais que indicada a encerrar com louvor a quarta passagem do pai do heavy metal, no Brasil.
Como Ozzy Osbourne havia prometido em sua última turnê pelas bandas de cá, em 2008, que não demoraria nada para um retorno, o velho madman não só cumpriu sua promessa, como também trouxe uma apresentação superior e uma banda mais afiada e pesada. Vale relembrar que nenhum dos músicos – Gus G (guitarra); Tommy Clufetos (bateria); Rob ‘Blasko’ Nicholson (baixo) e Adam Wakeman (teclado e guitarra base) – que acompanha o Prince of Darkness são iniciantes ou crus no universo rock ‘n roll, pelo contrário, o tempo e a experiência de estrada, aliada a técnica, têm colocado essa formação como uma das mais completas da carreira de Ozzy Osbourne. E mais. A entrada de Gus e Tommy foi essencial para reavivar a sensação de frescor, o que é essencial para música, no específico caso, tem sido determinante para o saldo positivo da Scream Tour 2011. Vida longa John Michael ‘Ozzy’ Osbourne!
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