Contar quantas apresentações a banda americana, Metallica,
fez no Brasil nos últimos tempos é uma contabilidade que faz os
entusiastas do som do maior pilar do thrash metal abrirem um sorriso de
orelha a orelha. E a coisa fica ainda mais especial quando as
apresentações são parte do menu do maior festival brasileiro, Rock in
Rio.
Em sua terceira edição seguida no festival, James Hetfield (voz e guitarra) & cia - Lars Ulrich na bateria, Kirk Hammet na guitarra e Rob Trujillo no baixo) trouxeram parte do supra-sumo de sua carreira,
o que foi mais que suficiente para que o numeroso público superasse o
cansaço e pouco se importasse para calor escaldante que cismava drenar a
energia de quem tivesse a audácia de pular para cima de qualquer mosh
pit.
Com “Fuel” começam os trabalhos e logo vem a enigmática e
pesada ‘For Whom the Bell Tolls’. “Battery” pode se dar ao luxo de
constar no setlist do apocalipse mundial, visto a avalanche sonora de
pura fúria que saía dos PAs. Uma pausa para respirar e dar boas vindas
ao público e logo se vê o quanto Sir. Hetfield é aquele raro caso no
qual o indivíduo tem a manha de fazer bem seu trabalho - que é tocar e
cantar - e tem carisma de sobra que o coloca num patamar acima de muitos
pseudo-rockstars.
Apontar deslizes ou descuido nas apresentações
da banda é uma tarefa inglória, mas, infelizmente, mesmo com as
engrenagens tão azeitadas a execução do clássico “Ride the Lightning”
ficou prejudicada pela ausência do som em dois momentos seguidos, o que
levou os americanos abandonarem, por breve momento, o palco, gerando
visível descontentamento nos músicos.
Sanada a escorregadela, a
banda se retratou com canções do quilate de “Sad But True”, “Master of
Puppets”, “One”, “Fade to Black”, “Seek and Destroy” e “Wherever I May
Roam”, que fizeram o público evaporar de suas lembranças quaisquer
resquícios de problemas técnicos e prestigiar uma das maiores
identidades da música pesada em atividade.
Na contramão das
apresentações anteriores, a banda optou por uma produção de palco um
tanto diferente, sem fogos ou efeitos especiais, mas deveras especial,
com alguns felizardos fãs assistindo ao show em cima do palco, bem
pertinho de seus heróis, e, lógico, servindo também de “ornamentação” do
espetáculo.
Para o último ato da noite, a banda cumpre a cartilha
de ficar na zona de conforto e dar aos fãs o que querem: clássico.
Então, nada mais óbvio que sacar temas do teor de ‘Nothing Else Matters’
e ‘Enter Sadman’.
Com pouco mais de duas horas de show, o Metallica
fez uma apresentação sólida pautada em sua zona de conforto, ou seja,
alicerçada por parte de seus maiores ‘hits’. Nem mesmo o descuido de sua
produção em deixar o som morrer em certo momento foi responsável em
empalidecer o show, tampouco depreciar sua posição de vanguarda no
thrash metal mundial.
Nota: Fiz a matéria para o site Território da Música: http://www.territoriodamusica.com/noticias/?c=40363
Esse é um blog inteiramente dedicado a uma das maiores expressões artísticas, música. Se você é, assim como eu, um grande fã dessa arte, seja muito bem vindo!
terça-feira, 3 de novembro de 2015
domingo, 4 de outubro de 2015
Rock In Rio: O Slipknot veio para reinar absoluto
Muito se fala do
mainstream do heavy metal atualmente, onde a indagação que mais ferve nas
conversas é: quais – ou pelo menos qual – bandas irão carregar o fardo de serem
os bastiões para perpetuação do estilo? E, pelo visto, caro leitor, os únicos a
terem os requisitos e demonstrarem interesse por tal incumbência são os
americanos do Slipknot, o que fora fácil, fácil, provado na noite da última
sexta-feira (25) quando de sua apresentação no festival Rock in Rio.
Calor ora intercalado
com vento frio, ora intercalado com pingos de chuva; calor ora intercalado com a
ansiosidade, ora intercalado com a fúria do público. Déjà vu de um apocalipse?
Não! Apenas a ambiência perfeita para o maravilhoso caos sonoro dos caipiras de
Iowa.
O prelúdio da maior
desgraceira sonora que passou pelo Palco Mundo foi ‘XIX’, e com os dois pés na
porta ‘Sarcastrophe’ derruba qualquer devaneio que se pudesse ter de calmaria,
visto que banda e público uniram forças para transformar a Cidade do Rock numa
bem vinda hecatombe musical.
Quem acompanha a
carreira da banda já sabe que ela nunca pisa num palco para fazer uma
apresentação daquelas do tipo ‘vamos cumprir tabela’, porque o cheque já
compensou. Longe disso, os caras fazem valer cada centavo investido pelo
público, com uma produção de palco deveras bacana, onde o próprio capiroto fez
questão de ser parte da ornamentação em meio a inúmeras labaredas de fogo.
A experiência de ter
mais de quinze anos de estrada deixa tudo mais fácil para a banda, e esse
‘know-how’ pôde ser facilmente notado na performance avassaladora dos músicos,
bem como na composição do repertório aonde temas da qualidade de
‘Psychosocial’, ‘The Devil in I’, ‘People = Shit’, ‘Surfacing’, ‘Wait and
Bleed’, ‘Sulfur’, ‘Spit and Out’, ‘The Heretic Anthem’ e ‘Duality’ foram os
argumentos necessários para os fãs trazerem à tona o prazeroso purgatório
instaurado no festival.
Como dito
anteriormente, os músicos são experientes e técnicos e conseguem, como poucos,
proporcionar uma apresentação digna dos maiores baluartes do Rock/Metal, mas
vale fazer uma menção honrosa ao vocalista, Corey Taylor. O vocalista possui o
que muitos querem e poucos têm: talento e carisma. É o raro caso do artista que
está em um nível acima dos de mais.
Com quase duas horas de
show, o Slipknot provou, mais uma vez, para o público brasileiro o porquê de
ser o maior expoente do heavy metal mundial da atualidade. Aos que relutam em
aceitar tal realidade só lhes resta o lamento e o choro, visto que a
maravilhosa desgraça sonora que também atende Slipknot veio para reinar
absoluto.
Nota: Fiz essa matéria para o site Território da Música: http://www.territoriodamusica.com/noticias/?c=40411
quarta-feira, 27 de maio de 2015
Black Label Society: Experiência que todos deveriam vivenciar
Já
é mais do que sabido e comprovado que o Brasil faz parte do cronograma e rota
obrigatória dos principais artistas internacionais dos mais diversos estilos, e
é aproveitando dessa realidade que o público brasileiro não perde tempo e
retribui colocando-se como um dos mais receptivos e calorosos do mundo. E é
nessa entoada que os fãs brasileiros de rock/metal dão as boas vindas e
expressam sua gratidão a seus – heróis – músicos favoritos.
E
numa luta digna de titãs que a banda americana Black Label Society travou uma
batalha sonora com o público carioca, na última sexta-feira, dia 08, onde os
riffs e os solos do mestre de cerimônia, Zakk Wylde, degladiavam e, ao mesmo
tempo, uniam-se à massa sonora do público, transformando o Circo Voador numa bomba de hidrogênio,
visto tamanha energia do público e artista.
Divulgando
o mais recente álbum de estúdio, Catacombs of Black Vatican, o 'guitar hero',
Wylde, trouxe alguns dos melhores momentos de sua carreira solo. Com grande
presença de palco e uma banda afiada – completada por Dario Lorina (guitarra);
John DeServio (baixo) e Chad Szeliga (bateria) – a noite começa com os
riffs das vibrantes “The Beggining...At Last” e “Funeral Bell', e foi assim:
sem perder tempo mesmo que o peso “Bleed for Me” ecoou e fez tremer as
estruturas da tenda do Circo
O
líder Zakk Wylde é adepto do fale menos e toque mais, ou seja, o foco é, como
deveria ser a apresentação de todo e qualquer músico, a 1ª arte, no entanto,
mesmo com poucas palavras o guitarrista/vocalista consegue cativar os fãs que
formam, segundo o próprio Wylde, a família Black Label Society.
E
já que foco é falar menos e tocar mais, a apresentação de uma hora e meia de
duração contemplou considerável número de canções que, de maneira ou outra,
conseguiu mostrar as diferentes facetas e momentos da banda. Temas como as
novas “Heart of Darkness”, “Angel of Mercy” e “My Dying Time” encontraram boa
sinergia com as já clássicas “Stillborn”, “Suicide Messiah”, “Godspeed Hellbound”,
“The Blessed Hellride” e “Concrete Jungle”.
Apontar
falhas ou deslizes na performance dos músicos seria como, no ditado popular,
procurar agulha em um palheiro, e sendo demasiadamente criterioso, as bolas
fora ficaram por conta das falhas no microfone que, vez ou outra, cismava
embolar e ausência de alguns temas do teor de “Fire It Up”e “Genocide Junkies”.
Zakk
Wylde é um músico que faz parte do seleto time do primeiro escalão da música
pesada. Além disso, falar de sua técnica e sua importância dentro do universo
das seis cordas é ser redundante a algo que está claro a todos, seja fã de sua
arte ou não, mas é fato que prestigiar uma apresentação do 'viking americano' é
uma experiência que todo fã de música pesada deveria vivenciar.
Nota: Fiz a matéria para o site Whiplash: http://migre.me/q2im0
Foto: Alessandra Tolc
segunda-feira, 11 de maio de 2015
Para o guitarrista Wolf Hoffmann, Accept vive ótima fase
O Accept está na ativa desde o final dos anos 60, quando ainda atendia
pelo nome de Band X. Desde então o grupo passou por diversas mudanças de
formação.
São o guitarrista Wolf Hoffmann e o baixista Peter Baltes que seguram as pontas desde 1976 e foi com o primeiro que conversamos sobre a repercussão do mais recente disco, “Blind Rage”, e sobre a nova fase, com Mark Tornillo nos vocais, que é tido como 'o cara certo' para a banda.
Hoffmann falou sobre a importância dos fãs para o sucesso do Accept e também sobre a apresentação que a banda fez no Monsters of Rock no final do mês passado - a quarta com a nova formação, com Uwe Lulis (guitarra) e Christopher Williams (bateria), considerada “inesquecível” pelo músico.
Faz um tempo desde que o álbum “Blind Rage” foi lançado, como tem sido o o retorno até agora?
Wolf Hoffmann: O lançamento foi em agosto de 2014 e a reação tem sido muito acima do que esperávamos. Estreou na primeira posição nas paradas de venda alemã e a maior surpresa ficou por conta do primeiro lugar também nas paradas de venda finlandesas. Além disso, essa é a primeira vez que alcançamos a posição de número um no ranking de vendas. Com “Blind Rage”, nós estamos nas paradas de muitos países e com shows lotados. Para nós isso é missão é cumprida! Obrigado a todos os fãs.
Os últimos três discos foram produzidos por Andy Sneap, produtor conhecido por trabalhar com bandas pesadas como Arch Enemy e Nevermore. O que Andy adicionou à música do Accept?
WH: Ninguém pode impulsionar Peter e eu mais do que nós mesmo, mas a coisa mais importante de Andy é que ele tem o coração de um músico e nós nos conectamos com ele. Eu chamaria isso de uma cooperação saudável.
O Accept tem lançado grandes álbuns desde começo dos anos 1980. E o Accept do século XXI parece ainda mais energético do que uma banda que ainda precisa provar seu valor. Qual o combustível para manter a chama da banda acesa?
WH: Só existe um principal combustível para nós: Nossos fãs! Quando nós nos reunimos, em 2010, ninguém poderia prever a reação, ninguém! O mundo da música tinha mudado, os fãs do Accept colocaram a banda nos eixos, o que nos encaminhou ao centro das atenções, não ao topo, mas muito acima de grandes bandas. Então, tudo que nós temos e somos capazes de dar vem do mesmo lugar: nossos fãs. Em cada show, Peter e eu nos olhamos e dizemos: Isso é realmente de verdade? E pensamos também: Vamos retornar o favor e mostrar que ainda não acabamos, há mais por vir...Vamos curtir juntos!
Cada vocalista foi importante para o desenvolvimento da banda, mas agora com Mark Tornillo podemos ver o raro caso no qual o cantor substituto brilha ainda mais que o cantor original...
WH: Mark chegou a nossas vidas de forma inesperada e totalmente desconhecida, como um tipo de intervenção do alto. Sua voz é a voz que precisamos nesse ponto de nossas vidas. E eu acredito, como ninguém, que ele entende seu papel, sabe o que nós estamos fazendo e o que é Accept, ele cabe perfeitamente na nossa visão. Nós não comparamos, porque respeitamos quando um fã tem uma opinião diferente sobre quem é quem. Mas para me fazer 100% entendido: nesse momento, Mark Tornillo é a pessoa certa para nós e desde 2010 até o dia de hoje a grande maioria dos fãs, em todo mundo, está com a gente.
Ele é o cara certo para estar com a gente agora. As músicas que escrevemos agora e as músicas que escrevemos no passado ganham complemento na voz de Mark, o que outro vocalista, em outra época, provou não ser o cara certo.
Recentemente tivemos a notícia que o baterista Stefan Schwarzmann e o guitarrista Herman Frank saíram da banda. O que você acha que os motivou a sair da banda? Até onde podíamos ver tudo estava bem...
WH: Herman e Stefan são profissionais e trabalharam duro por nós durante muitas décadas. Lembre-se que na época em que a banda voltou, nós dificilmente podíamos pedir a alguém para largar o que fazia para nos atender. Nada nos fazia acreditar que excursionaríamos novamente, o que é mais fácil de encarar para uns do que para outros. Foi mais ou menos assim: vamos ver quão longe nós vamos e mantemos nossos trabalhos regulares. Herman e Stefan agarraram a chance de fazer, mas o que eles queriam há muito tempo era ter a banda deles. Nós todos os apoiamos, especialmente porque eles nos deram prioridade número um nos últimos anos. Não é a questão de como era ou parecia ser, eles saíram e isso era o que eles queriam fazer para vida deles.
Como era seu relacionamento com Herman e Stefan? Você escutou a nova banda deles, Panzer?
WH: Você tem olhar isso pelo angulo certo. O Accept não tem trabalhado nos últimos 15 anos. Por isso, Herman e Stefan trabalharam em suas carreiras e em muitas bandas. Quando nós voltamos, em 2010, tivemos a sorte de ambos não terem compromissos, o que teria atrapalhado nossa reunião para turnê que realizamos. E desde então eles foram convidados de turnê a turnê, o que faz sentido porque, como eu mencionei anteriormente, ninguém poderia prever o que aconteceria com o Accept. Ou seja, todo mundo ficou livre para ficar conosco o quanto queria. Nós todos sabíamos e estávamos de acordo com isso.
Todos sabem que faz mais de três décadas que Peter e eu estamos juntando forças, o que é algo que nós amamos, ao invés de ficarmos presos com outros músicos – nós somos abertos e temos as pessoas certas para apoiar o Accept em cada época. Foi de uma forma incomum, e para alguns ainda é, quando se trata de heavy metal, mas acontece sempre com muitas bandas.
Olhando a história das grandes bandas, você vai encontrar diferentes formações. Eu acredito que não exista banda nesse planeta que está com a mesma formação desde o começo. Música não deveria ser definida por quais rostos estão lá para serem vistos, ela deveria ser definida por como é a química de trabalho para criar grandes canções.
Herman e Stefan nos deram mais de quarto anos de suas vidas, mas eles não nos deram seus sonhos. Herman é um ótimo guitarrista e eles estão, agora, em um perfeito “casamento”, com o Schmier do Destruction. A música deles é boa e se a química tem algum sentido, eles devem estar felizes juntos. E é isso que conta na vida, na minha humilde opinião.
O Accept acabou de anunciar a entrada do guitarrista Uwe Lulis e do baterista Christopher Williams. Eles são membros permanentes da banda ou estão preenchendo a lacuna para atual turnê? E como está indo o trabalho com os dois?
WH: Está indo como o esperado: ótimo! O que é permanente em nossa linha de trabalho? Pouquíssimos têm a sorte de ter algo permanente em suas carreiras. Peter e eu somos o coração do Accept e somos os únicos, os dois cavalos que estão puxando a carroça há tempos tanto musicalmente quanto em performance.
Nós montamos o Accept quando tínhamos 16 anos de idade, não se esqueça! Mas, lógico, que nós nunca pudemos e poderemos fazer isso sozinho, então, quanto melhor nosso companheiro de banda for, melhor nós seremos também. Há tanta coisa que rola entre músicos, sendo que o essencial são as apresentações ao vivo nos colocarem juntos, ao mesmo tempo, e é isso que tem acontecido.
Vocês fizeram um show matador no festival Monsters of Rock, com os dois novos músicos, e podemos dizer que foi um show perfeito. Vocês esperavam essa reação dos fãs brasileiros?
WH: Nós amamos tocar no Brasil! A gente estava olhando para frente como criança em dia de festa de aniversário... Nós estávamos muito felizes. Nós sempre vivemos pela reação dos fãs e quando os fãs reagem daquela forma nós ficamos muito felizes. Nada nos dá mais energia que os fãs. E não se esqueça que esse foi 4º show com os dois novos caras, sim, nós já os conhecíamos e ensaiamos, mas tudo muda quando você está no palco junto, e eu acho que eles se saíram muito bem. É justo dizer também que Mark Tornillo deu seu melhor no show e Peter e eu estávamos no céu. Obrigado Monsters of Rock! Foi um evento inesquecível para nós.
Se você tivesse que escolher apenas um álbum para mostrar a uma pessoa o que é o Accept, qual seria e porquê?
WH: Escolho o álbum “Accept”. Entretanto, cada disco representa certa época de nossa vida e depende o que você quer mostrar sobre o Accept. No começo dos anos 1980 nós abrimos as portas para todo o Speed e por décadas você tem várias fases. E hoje temos o que temos com o Accept, fazendo tudo com uma devoção sem fim para ser melhor a cada dia.
O que virá agora? Disco de estúdio? Super double DVD ao vivo? Férias?
WH: Peter e eu sempre nos sentimos: “Nós estamos em permanente férias!” Nosso mais recente disco, “Blind Rage” (o terceiro em menos de cinco anos), foi primeiro lugar em vendas na Alemanha e Finlândia e nas paradas de vendas em outros países. Nós tivemos, com os últimos três discos, no Reader Charts, e com os dois últimos ao mesmo tempo. Além disso, nós precisamos de um disco que bata isso tudo, nós trabalhamos duro e esperamos que o 'compositor' que está em nós nos presenteie de novo.
Nota: Fiz essa matéria para o site: http://www.territoriodamusica.com/noticias/?c=39202
Foto: Lauro Capellari / TDMusica
São o guitarrista Wolf Hoffmann e o baixista Peter Baltes que seguram as pontas desde 1976 e foi com o primeiro que conversamos sobre a repercussão do mais recente disco, “Blind Rage”, e sobre a nova fase, com Mark Tornillo nos vocais, que é tido como 'o cara certo' para a banda.
Hoffmann falou sobre a importância dos fãs para o sucesso do Accept e também sobre a apresentação que a banda fez no Monsters of Rock no final do mês passado - a quarta com a nova formação, com Uwe Lulis (guitarra) e Christopher Williams (bateria), considerada “inesquecível” pelo músico.
Faz um tempo desde que o álbum “Blind Rage” foi lançado, como tem sido o o retorno até agora?
Wolf Hoffmann: O lançamento foi em agosto de 2014 e a reação tem sido muito acima do que esperávamos. Estreou na primeira posição nas paradas de venda alemã e a maior surpresa ficou por conta do primeiro lugar também nas paradas de venda finlandesas. Além disso, essa é a primeira vez que alcançamos a posição de número um no ranking de vendas. Com “Blind Rage”, nós estamos nas paradas de muitos países e com shows lotados. Para nós isso é missão é cumprida! Obrigado a todos os fãs.
Os últimos três discos foram produzidos por Andy Sneap, produtor conhecido por trabalhar com bandas pesadas como Arch Enemy e Nevermore. O que Andy adicionou à música do Accept?
WH: Ninguém pode impulsionar Peter e eu mais do que nós mesmo, mas a coisa mais importante de Andy é que ele tem o coração de um músico e nós nos conectamos com ele. Eu chamaria isso de uma cooperação saudável.
O Accept tem lançado grandes álbuns desde começo dos anos 1980. E o Accept do século XXI parece ainda mais energético do que uma banda que ainda precisa provar seu valor. Qual o combustível para manter a chama da banda acesa?
WH: Só existe um principal combustível para nós: Nossos fãs! Quando nós nos reunimos, em 2010, ninguém poderia prever a reação, ninguém! O mundo da música tinha mudado, os fãs do Accept colocaram a banda nos eixos, o que nos encaminhou ao centro das atenções, não ao topo, mas muito acima de grandes bandas. Então, tudo que nós temos e somos capazes de dar vem do mesmo lugar: nossos fãs. Em cada show, Peter e eu nos olhamos e dizemos: Isso é realmente de verdade? E pensamos também: Vamos retornar o favor e mostrar que ainda não acabamos, há mais por vir...Vamos curtir juntos!
Cada vocalista foi importante para o desenvolvimento da banda, mas agora com Mark Tornillo podemos ver o raro caso no qual o cantor substituto brilha ainda mais que o cantor original...
WH: Mark chegou a nossas vidas de forma inesperada e totalmente desconhecida, como um tipo de intervenção do alto. Sua voz é a voz que precisamos nesse ponto de nossas vidas. E eu acredito, como ninguém, que ele entende seu papel, sabe o que nós estamos fazendo e o que é Accept, ele cabe perfeitamente na nossa visão. Nós não comparamos, porque respeitamos quando um fã tem uma opinião diferente sobre quem é quem. Mas para me fazer 100% entendido: nesse momento, Mark Tornillo é a pessoa certa para nós e desde 2010 até o dia de hoje a grande maioria dos fãs, em todo mundo, está com a gente.
Ele é o cara certo para estar com a gente agora. As músicas que escrevemos agora e as músicas que escrevemos no passado ganham complemento na voz de Mark, o que outro vocalista, em outra época, provou não ser o cara certo.
Recentemente tivemos a notícia que o baterista Stefan Schwarzmann e o guitarrista Herman Frank saíram da banda. O que você acha que os motivou a sair da banda? Até onde podíamos ver tudo estava bem...
WH: Herman e Stefan são profissionais e trabalharam duro por nós durante muitas décadas. Lembre-se que na época em que a banda voltou, nós dificilmente podíamos pedir a alguém para largar o que fazia para nos atender. Nada nos fazia acreditar que excursionaríamos novamente, o que é mais fácil de encarar para uns do que para outros. Foi mais ou menos assim: vamos ver quão longe nós vamos e mantemos nossos trabalhos regulares. Herman e Stefan agarraram a chance de fazer, mas o que eles queriam há muito tempo era ter a banda deles. Nós todos os apoiamos, especialmente porque eles nos deram prioridade número um nos últimos anos. Não é a questão de como era ou parecia ser, eles saíram e isso era o que eles queriam fazer para vida deles.
Como era seu relacionamento com Herman e Stefan? Você escutou a nova banda deles, Panzer?
WH: Você tem olhar isso pelo angulo certo. O Accept não tem trabalhado nos últimos 15 anos. Por isso, Herman e Stefan trabalharam em suas carreiras e em muitas bandas. Quando nós voltamos, em 2010, tivemos a sorte de ambos não terem compromissos, o que teria atrapalhado nossa reunião para turnê que realizamos. E desde então eles foram convidados de turnê a turnê, o que faz sentido porque, como eu mencionei anteriormente, ninguém poderia prever o que aconteceria com o Accept. Ou seja, todo mundo ficou livre para ficar conosco o quanto queria. Nós todos sabíamos e estávamos de acordo com isso.
Todos sabem que faz mais de três décadas que Peter e eu estamos juntando forças, o que é algo que nós amamos, ao invés de ficarmos presos com outros músicos – nós somos abertos e temos as pessoas certas para apoiar o Accept em cada época. Foi de uma forma incomum, e para alguns ainda é, quando se trata de heavy metal, mas acontece sempre com muitas bandas.
Olhando a história das grandes bandas, você vai encontrar diferentes formações. Eu acredito que não exista banda nesse planeta que está com a mesma formação desde o começo. Música não deveria ser definida por quais rostos estão lá para serem vistos, ela deveria ser definida por como é a química de trabalho para criar grandes canções.
Herman e Stefan nos deram mais de quarto anos de suas vidas, mas eles não nos deram seus sonhos. Herman é um ótimo guitarrista e eles estão, agora, em um perfeito “casamento”, com o Schmier do Destruction. A música deles é boa e se a química tem algum sentido, eles devem estar felizes juntos. E é isso que conta na vida, na minha humilde opinião.
O Accept acabou de anunciar a entrada do guitarrista Uwe Lulis e do baterista Christopher Williams. Eles são membros permanentes da banda ou estão preenchendo a lacuna para atual turnê? E como está indo o trabalho com os dois?
WH: Está indo como o esperado: ótimo! O que é permanente em nossa linha de trabalho? Pouquíssimos têm a sorte de ter algo permanente em suas carreiras. Peter e eu somos o coração do Accept e somos os únicos, os dois cavalos que estão puxando a carroça há tempos tanto musicalmente quanto em performance.
Nós montamos o Accept quando tínhamos 16 anos de idade, não se esqueça! Mas, lógico, que nós nunca pudemos e poderemos fazer isso sozinho, então, quanto melhor nosso companheiro de banda for, melhor nós seremos também. Há tanta coisa que rola entre músicos, sendo que o essencial são as apresentações ao vivo nos colocarem juntos, ao mesmo tempo, e é isso que tem acontecido.
Vocês fizeram um show matador no festival Monsters of Rock, com os dois novos músicos, e podemos dizer que foi um show perfeito. Vocês esperavam essa reação dos fãs brasileiros?
WH: Nós amamos tocar no Brasil! A gente estava olhando para frente como criança em dia de festa de aniversário... Nós estávamos muito felizes. Nós sempre vivemos pela reação dos fãs e quando os fãs reagem daquela forma nós ficamos muito felizes. Nada nos dá mais energia que os fãs. E não se esqueça que esse foi 4º show com os dois novos caras, sim, nós já os conhecíamos e ensaiamos, mas tudo muda quando você está no palco junto, e eu acho que eles se saíram muito bem. É justo dizer também que Mark Tornillo deu seu melhor no show e Peter e eu estávamos no céu. Obrigado Monsters of Rock! Foi um evento inesquecível para nós.
Se você tivesse que escolher apenas um álbum para mostrar a uma pessoa o que é o Accept, qual seria e porquê?
WH: Escolho o álbum “Accept”. Entretanto, cada disco representa certa época de nossa vida e depende o que você quer mostrar sobre o Accept. No começo dos anos 1980 nós abrimos as portas para todo o Speed e por décadas você tem várias fases. E hoje temos o que temos com o Accept, fazendo tudo com uma devoção sem fim para ser melhor a cada dia.
O que virá agora? Disco de estúdio? Super double DVD ao vivo? Férias?
WH: Peter e eu sempre nos sentimos: “Nós estamos em permanente férias!” Nosso mais recente disco, “Blind Rage” (o terceiro em menos de cinco anos), foi primeiro lugar em vendas na Alemanha e Finlândia e nas paradas de vendas em outros países. Nós tivemos, com os últimos três discos, no Reader Charts, e com os dois últimos ao mesmo tempo. Além disso, nós precisamos de um disco que bata isso tudo, nós trabalhamos duro e esperamos que o 'compositor' que está em nós nos presenteie de novo.
Nota: Fiz essa matéria para o site: http://www.territoriodamusica.com/noticias/?c=39202
Foto: Lauro Capellari / TDMusica
terça-feira, 7 de abril de 2015
Epica & DragonForce: Farra e trilha de primeira no Rio de Janeiro
Poucas coisas conseguem
ser melhores do que a combinação de uma noite de sexta-feira, começo de mês com
salário na mão, amigos e ótimos shows como trilha sonora da diversão, e foi
dessa forma que o público carioca pôde saborear a noite da última sexta (06)
quando o duo DragonForce e Epica garantiram a farra e o soundtrack de primeira.
O esquenta da noite
ficou por conta da banda convidada, os ingleses do DragonForce portando o
estandarte de seu intenso e ultra veloz power metal. Por ser o ‘opening act’ da
noite, a banda fora obrigada abreviar boa parte de seu repertório, mas sua
breve estada no palco foi festejada e saudada pelos cariocas durante toda a
apresentação.
Sabiamente, a banda –
Marc Hudson (vocal); Herman Li (guitarra); Sam Totman (guitarra); Frédéric
Leclercq (baixo); Gee Anzalone (bateria) e Vadim Pruzhanov (teclado) – se
dispôs apresentar o mais recente álbum de estúdio, ‘Maximum Overload,
intercalando com temas mais antigos, assim, canções do teor de “The Game” e
“Symphony of the Night” encontraram perfeita sintonia em “Valley of the Dammed”
e “Through the Fire and Flames”.
O porém – que também
persistiu no espetáculo da atração principal – da apresentação dos ingleses foi
reservado aos momentos que a equalização sonora cismava embolar a massa sonora
que chegava ao público, o que dificultava o entendimento e, lógico, apreciação
da canção.
Nem parece que já se
passaram mais de uma década desde o lançamento do primeiro álbum dos holandeses
do Epica, e foi nesse ínterim que, inteligentemente, a banda soube lapidar sua
arte, absorvendo novas influências, mas mantenho sua identidade reconhecível
para si mesma e, claro, para seu cativo público, que fez – e faz – questão
prestigiar todos os seus feitos e sucessos.
A atração principal da
festa da última sexta-feira deu pontapé com “The Second Stone” e sem direito a
respiro e/ou gole d’água que “The Essence of Silence” mostrou que o peso e uma
banda bem afiada seriam o tom da noite.
O atual Epica respira vitalidade
e o brilho nos olhos é mais intenso desde entrada de Isaac Delahaye (guitarra
e vocal); Ariën van Weesenbeek (bateria)
e Rob van Der Loo (baixo) – completa a banda os veteranos Mark Jansen (guitarra
e vocal); Simone Simons (vocal) e Coen Jassen (teclado) –, o que é, facilmente,
perceptível nas apresentações ao vivo aonde ganharam acentuado peso, técnica e um
quê a mais de: estamos nos divertindo a valer e estamos compartilhando isso com
vocês, fãs.
Em quase duas horas de
show, a banda conduziu, com maestria e elegância, o público ao supra-sumo de
sua carreira, mesclando temas dos primórdios aos mais atuais, o que garantiu um
ótimo equilíbrio à apresentação.
Citar essa ou aquela
canção como destaque seria covardia, visto o aprumo da performance dos
holandeses, com isso, temas como “Unleashed”; “Sensorium”; “Cry for the Moon”;
“The Last Crusade”; “Sancta Terra”; “Unchain Utopia” e “Consign to Oblivion”
tiveram suas respectivas relevâncias para o saldo positivo da festança.
Nada melhor que começar
o final de semana com o pé direito, e graças às bandas DragonForce e Epica, o
público carioca não pôde reclamar, afinal, ambas as bandas presentearam seus
respectivos fãs com uma grande e excepcional festa.
Fotos: Alessandra Tolc
Nota: Matéria realizada para o site Whiplash - http://whiplash.net/materias/shows/219858-epica.html
terça-feira, 24 de março de 2015
Arch Enemt - War Eternal Tour
Inovar,
transformar, renovar, mudar... Muitos são os verbos que sugerem ação de
desenvolvimento que é uma das forças naturais constantes exercidas sobre tudo e
todos, mesmo que a priori tal força
seja mal quista, e talvez até imperceptível, é inevitável sua atuação e,
consequentemente, seu efeito.
É sob a força constante
de desenvolvimento que a banda sueca, Arch Enemy, pavimenta sua carreira e,
lógico, aumenta e conquista legiões de adeptos a sua arte, o que fora fácil,
fácil, comprovado no último dia 06, em sua primeira passagem na capital
fluminense, quando o lendário Circo Voador viu suas estruturas estremecerem
diante da desgraceira vinda dos PA’s.
Mas antes do apocalipse
sueco transformar a tenda do Circo num prazeroso purgatório, o primeiro ato da
noite ficou por conta da banda carioca, Melyra, onde seu bem vindo heavy tradicional
temperado com boas doses do supra-sumo do hard rock, ganhou espaço e merecida
adulação por parte do público. Canções do EP, Catch me If You Can, como “Beyond
Good and Evil”; “Nightmare #1”; “Silence” e “Trip to Hell” dão perspectivas
animadoras à banda, o que a pode reservar um futuro otimista e próspero.
O segundo e último ato
da noite foi sob a regência do caos sonoro que atende também pelo epíteto de
Arch Enemy. Em débito com o público carioca, a banda se retratou com uma
apresentação pautada pelos irrepreensíveis predicados de sua música e, lógico,
pelo brilhantismo individual dos seus músicos.
“Enemy Within” é o
pontapé em noite de ode ao heavy metal da morte, e foi sem tempo para respirar
ou mesmo vislumbrar um breve raio de luz em meio ao inferno instrumental que a
canção homônima ao novo álbum,“War Eternal”, ganha os falantes e profere a
essência que se manteria por toda apresentação da banda.
O
fundamento da afirmação inovação, renovação e mudança vêm, primeiramente,
alicerçada pela genialidade do maestro da morte, Michael Amott (guitarra), e
consequentemente por suas decisões, pois congregar seu talento ao de Alissa
White-Gluz (vocal) trouxe energia extra ao que já era estabelecido como ótimo.
Como não bastasse, a inovação
veio também sob a extraordinária habilidade de um dos mais importantes
guitarristas da atualidade, Jeff Loomis (ex-Nevermore) – completa a banda
Sharlee D’Angelo (baixo) e Daniel Erlandsson (bateria) –, onde sua experiência
e técnica fazem da banda uma máquina que vocifera riffs e solos capazes de
gerar uma avalanche sonora de proporção devastadora.
“No More Regrets”; “My Apocalipse”;
“Dead Eyes See No Future”; Dead Bury Their Dead”; “We Will Rise” e “Nemesis” são
alguns dos temas que reclamam o direito de serem taxadas como clássicas do
metal da morte e foram responsáveis pelo hecatombe em forma de urros, gritos,
mosh pits, punhos cerrados ao ar...
Os céticos indagariam o
motivo para tanta bajulação, entretanto, só quem saiu de casa e foi presenciar
o maravilhoso purgatório musical proporcionado pelos suecos consegue mensurar o
prazer de ver uma banda já estabelecida, mas que mantém o sangue nos olhos de
quem tem que provar seu valor e/ou talento ao mundo. E, para o prazer de seu
fiel público, o Arch Enemy é assim.
Nota: Realizei a cobertura para o site Whiplash: http://whiplash.net/materias/shows/218376-archenemy.html
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