O mundo da música é formado por inúmeros gêneros e subgêneros, no mundo do Rock n’ Roll não poderia ser diferente, temos os estilos popularmente chamados de clássicos, que deram origem a muitos outros como o Hard Rock.
Em meados da década de 70 existiam grupos como Deep Purple; Aerosmith; Rainbow; Nazareth; Uriah Heep, dentre outros fazendo o Hard Clássico, com influências da música negra americana como o Blues (Great White é uma boa referência), influência de música renascentista e adicionando toques especiais como o uso de Harmônicas e órgão Hammond, essenciais para o som da época.
Como tudo - ou quase tudo - tende para a evolução, no final da década de 70 a capital do Hard Rock estava tomando um toque de requinte de um dos estados mais “esbanjadores” de glamour da historia da humanidade. Na Califórnia/EUA, mais precisamente nas cidades de Los Angeles (L.A) e Las vegas (Vegas), já estavam estourando bandas como Van Halen e Alice Cooper ( este que, mesmo tendo uma postura essencialmente oitentista, já está na cena musical desde os anos 70), todas aproveitando o “Boom” da cena que estavam tomando proporções cada vez maiores. A cidade de L.A foi a responsável por hospedar toda cena, juntamente com Hollywood; poder do dinheiro; mulheres lindíssimas dos mais novos filmes feitos por estúdios como Warner Bros, M.G.M. e Universal; grandes estúdios musicais; o mundo pornô figurando no “mainstream”, o universo da moda ditando toda tendência da vestimenta; grandes empresas de bebidas como Jack Daniel’s e Johny Walker patrocinando toda a festa; grandes boites como Studio 54 . Todos esses elementos eram inspirações para uma vida de exageros, luxo e muitas festas oferecendo o que existia de melhor em entretenimento “adulto”. Essa vida de extremos é confirmada como, por exemplo, na banda Poison, que sempre fez questão de enfatizar o estilo de vida rockstar.
“Poison é e sempre será a mesma banda. As pessoas sempre quiseram nos categorizar. Temos atitude, não temos vergonha das roupas que vestíamos, e que vestimos atualmente, da maquiagem. Adaptamos a linguagem, as músicas, novas tendências, mas sem perder nossa identidade. É por isso que estamos na estrada até hoje”. - Rikki Rockett
Para ser ainda mais específico, a Rua Sunset Boulevard, foi (ainda é) uma das ruas mais famosa do mundo com os melhores bares e pubs, como o The Rainbow e The Roxy. Em meio a toda essa atmosfera cinematográfica, estourou um dos maiores movimentos da historia da música, o Hard Rock 80 (conhecido também como Glam Rock/Hair Metal, Farofa e Sleaze Rock). Todas as bandas tinham como objetivo ir para Hollywood, mostrar o seu trabalho e quem sabe conseguir um contrato com alguma gravadora (bem ilustrado no clip do Guns n’ roses – Welcome to the Jungle), com isso inúmeras bandas nasceram e/ou migraram para a famosa Sunset Boulevard, como por exemplo: Motley Crüe, Poison, Bon Jovi, Ratt, Pretty Boy Floyd, Guns n’ Roses, Skid Row, Kiss, Alice Cooper, Cinderella, Warrant, Winger, Dokken, Gene Loves Jezebel, Def Leepard, Van Halen, Firehouse, Tuff, House of Lords, Extreme, Europe Scorpions, Hanói Rocks, Keel, Pink Cream 69, King Kobra, Kix, Alannah Miles, Lita Ford, Rought Cutt, Vinnie Vincent Invasion, Badlands, Babylon A.D., Mr. Big, Joan Jett, Vixen, Twister Sister, Quiet Riot, Slaughter, The Cult, Great White, Tyketto e Whitesnake.
Um das maiores características das composições de Hard Rock, que quase todas as bandas mantinham era a harmonia de todos os seus instrumentistas (vez ou outra tinha um “chiliquento”, mas não era regra), as músicas jogam a favor do “time”, fato colocado pelo Guitarrista Slash (Velvet Revolver) “Eu nunca serei um daqueles caras que tocam um solo maior do que deveria ser. Meus solos complementam a música. A música é o mais importante, não o solo”. – Slash. Tantos outros grandes instrumentistas tinham essa mesma premissa, como Paul Gilbert em seu tempo áureo de MR. Big.
A explosão Hard Rock teve seu auge até meados dos anos 90 (1992/1993), quando cedeu lugar a uma outra vertente do Rock n’ Roll, tendo uma proposta bem simplista e mais direta, sem os excessos de outrora, o movimento era chamado de Grunge, tendo influência do Punk Rock e como mestres do estilo nomes como The Ramones e Misfits. Na época muito se falavam de possíveis brigas de estilos/bandas, como o famigerado desentendimento da banda Guns n’ Roses e o mais novo ícone do rock mundial, Nivarna. De fato, as duas tribos tinham objetivos, públicos e proposta bem antagônicas. Muitos críticos e músicos falam que o movimento Grunge e seus músicos foi o pior pesadelo do mundo Rock n’ Roll. “Kurt Cobain virou um garoto patético, perdido e de uma estupidez heróica”. - Pete Townshend, do The Who. Tal frase da uma breve idéia da recusa por alguns mostros sagrados ao movimento Grunge. Grupos como Nirvana, Pearl Jam, Alice Chains, Stone Temple Pilots e Soundgarden deram uma cara nova aos shows, sem as produções de milhões de dólares, palco bem simples, músicos com roupas de flanela e com uma cara de “quem dormiu sujo”, parecendo que tinha tempo que não via a cara de um chuveiro e sabão. Conseguiram atingir o grande estrelato, vendendo milhões de disco ao redor do mundo, movimentando a indústria fonográfica, garantindo a alegria de empresários com grana “brotando” quase que do chão e a alegria do público. Contudo, o Hard ainda dava seus suspiros, lógico, não como era em sua época de “ouro”, mas conseguia se arrastar, tendo alguns nomes levando a bandeira “poser” para frente. Mas foram poucos que conseguiram se sustentar. Já não havia muito espaço nas rádios, a MTV já não vinculava com tanta freqüência os clipes, o programa Headbanger’s Ball (programa para os fãs de Hard Rock e Heavy Metal exibido pela MTV estrangeira) já estava sofrendo ameaça de não mais ser parte da programação da emissora, ou seja, todo aquele glamour do Hard com mulheres lindas, Harley Davidson’s, Jack Daniel’s, guitarras Gibsons, groupies, turnês mundiais e discos sendo vendidos igual côco gelado na praia de Ipanema no sábado, já não existia mais.
Eu confesso, nunca fui muito fan do movimento Grunge, sempre achei que faltava mais técnica dos músicos, a timbragem das guitarras quase sempre soavam como caixa de abelha para meus ouvidos, sempre me passavam a idéia de estarem fazendo um enorme sacrifício/favor de estarem no palco, vide algumas apresentações do Nirvana (Hollywood Rock de 1993, por exemplo), Cobain cantava com uma má vontade “daquelas” e eu também não gostava do lance de parecer sempre sujo, poxa vida, custa tomar um banho e colocar um shampoo naquele cabelo ensebado (Meninas, Hard Rockers sempre tomam banho e são “cheirozinhos” tá). Mas dou o “braço torcer” e não tenho qualquer problema em dizer que algumas coisas eles acertaram na mão, músicas como Alive e Even Flow – Pearl Jam e Would e Man in the Box – Alice Chains, para mim são clássicos absolutos dos anos 90.
Mas nem tudo era perfeito para o movimento Grunge. O líder e principal figura da banda Nirvana, o vocalista Kurt Cobain, foi encontrado morto em sua casa. O laudo da perícia diz que ele se suicidou, mas muitos criticam e duvidam de tal fato, alguns chegam acreditar que a própria esposa de K. Cobain (Courteney Love Cobain) foi a responsável pela morte do jovem rapaz, mas isso ninguém saberá de fato. O caso foi arquivado e não há nenhum interesse por parte das autoridades e muito menos da viúva que o caso seja rediscutido. Esse episódio foi o começo do fim da era Grunge. A banda Nirvana teve seu fim depois do tal “suicídio”, o baterista Dave Growl segue na música, montou a banda Foo Fighters e o baixista Krist Novoselic tentou se projetar em algumas bandas, mas não conseguiu nenhum reconhecimento e acabou virando ativista político em Washington, capital dos Estados Unidos e sua cidade natal
Com o fim do maior ícone do gênero o movimento foi cada vez mais perdendo a força. Com a chegada do século XXI, de carona veio outro subgênero do Rock n’ Roll, o New/Nu Metal, que foi à gota d’ água para o fim do Grunge. Quase todas as bandas se dissolveram, outras tiveram finais piores com integrantes mortos por overdose, como foi o caso do vocalista Layne Stanley do grupo Alice Chains, encontrado morto em seu apartamento, em 2002. Bandas como Soundgarden também já encerraram suas atividades, outras tentam desesperadamente um retorno como Stone Temple Pilots, mas o fato é que deixaram seu legado para historia da música contemporânea. A única que ainda consegue algum prestígio e possui alguns seguidores é o Pearl Jam, inclusive chegou se apresentar em nossas terras no ano de 2005, arrastando um grande números de admiradores.
O surgimento do Novo e a volta do Velho
Com o novo século novinho em folha batendo na porta, nada melhor que começar com um estilo novo de Rock n’ Roll, o New/Nu Metal. A idéia inicial do Nu Metal era (ainda é) mesclar Rap, bases em samplers com o peso do Heavy Metal, bem coisa de americano mesmo, e foi exatamente na terra do Tio Sam onde o estilo teve mais adeptos. Grandes bandas surgiram desse movimento como Korn, Limp Bizkit, Slipknot, Static X, Taproo, Coal Chamber, Orgy, Kittie, Mudvayne, Kid Rock e Linkin Park. Não se falava em mais nada que não fosse o novo estilo, Todos os meios de comunicação, inclusive canais como MTV(e suas outras vertentes como MTV2 e MTV Hits) e o canal Vh1 aproveitaram a grande oportunidade da nova safra de bandas para repaginar toda a sua programação, moldando muitos outros programas a esse novo mercado. Até o ano de 2005 e 2006, o novo “queridinho” da América tinha bons retornos em qualquer lugar do globo. Diversas bandas veteranas, como o Metallica e Ozzy Osbourne, seguiam em turnê com Linkin Park, Korn e Kid Rock, garantindo a união da velha escola de se fazer o Rock n’ Roll, com a mais nova “fornada de bandas”, lotando todos os lugares, sejam estádios ou arenas por onde passavam e tendo apoio de grandes festivais mundiais como OZZFEST e ROCK AM RING. Outros músicos de grande influência no mundo Rock como Bruce Dickinson, vocalista da banda Iron Maiden, deixam claro não estar tão a favor do novo direcionamento, pontuando “Korn é apenas moda. Ouça o primeiro álbum do Black Sabbath. Este nunca estará ultrapassado. Agora ouça um álbum do Korn. Eu me pergunto o que as pessoas vão pensar dos trabalhos deles daqui a 20 anos. Serão eles, realmente, o futuro do rock n roll ou eles são a cinderela do ano 2000?” - Bruce Dickinson.
Eu nunca acreditei em uma longa vida ao New/Nu Metal. Nnunca foi um estilo que me cativasse. Sempre achei as composições meio genéricas e forçava um pouco a barra. Mas, uma coisa devo dizer: os videoclips são bem legais, têm ótimas produções. Lógico, com a grana que as gravadoras investiam nessas bandas, era o mínimo a se ter. Nada que tire o brilho dos vídeos, claro. Clipes de bandas como Slipknot e Coal Chamber são bem legais. Esta última tem uma sacada legal. Para mim é das poucas coisas legais do estilo. Pelo menos, salvou-se algo né?! Hoje o estilo mantém-se ativo, mas não com a popularidade de anos atrás. Algumas bandas já não lançam discos com tanta freqüência, mas ainda há turnês, shows esporádicos com bandas de mesmo estilo em pequenos festivais e demais característica que fazem suas carreiras seguirem de uma forma mais modesta.
Desde o seu fim, por assim dizer, o Hard Rock - ou Farofa como é conhecido aqui no Brasil - vinha caminhando lentamente, conseguindo sobreviver nas sombras do “mainstream”. Inúmeros músicos foram obrigados a abandonar suas respectivas bandas, trabalhar como músicos de estúdio, fazer trilhas sonoras para filmes, trampar com produções e até mesmo mudar totalmente de estilo de vida, largando o mundo musical e se dedicando a outras atividades como o caso do baixista Pat Badger (Extreme), que se dedicou à criação de animais em sua fazendo em Boston, ou seja, os anos 90 definitivamente não foram “belos” para o Hard Rock.
Mas o vento tem soprado a favor do estilo que tomou conta dos anos 80. A grande maioria das bandas veteranas têm retornado com sua formação original, lançando discos excelentes e lotando estádios ao redor do mundo. Essa nova força pode ser vista até mesmo aqui no Brasil. Grandes casas do estado de São Paulo como o Manifesto Bar e Blackmore Rock Bar estão investimento na vinda de artistas internacionais, como tivemos há pouco tempo a maravilhosa festa no Manifesto Bar, “Metal Sludge Xtravaganza Brazil”, em que ocorreu a presença de lendas da década de 80 como o Stevie Rachelle e o Steve Summers das bandas TUFF e PRETTY BOY FLOYD, respectivamente. Tal “festinha” teve direito até gravação de DVD para imortalizar de vez o dia. Outras bandas marcaram presença também, no final de 2007, como Glenn Hughes e Pink Cream 69 (em São Paulo) e Ted Poley e Firehouse (Rio de Janeiro). O ano de 2008 já promete muitas apresentações. Já tivemos, no último dia 26/04, festival Hard in Rio 2, com a presença ilustríssima de bandas como Tyketto, House of Lords e White Lion. Aqui no Brasil há uma grande demanda para o Hard Rock, tanto que temos ótimos representantes da cena como é o caso do Billion Dólar Babies, Lesbians Lion’s Heart, Bastardz e Tempest. A galera comparasse em todas as apresentações e apóia de uma maneira verdadeira todas as bandas que estão despontando como grandes promessas brasileiras para o estilo.
Eu sempre fui a favor da volta do Hard Rock ao mainstream. Vou além. Acho que nunca deveria ter deixado tal posto. Esse ostracismo foi uma grande perda de tempo; talento; grandes formações; discos maravilhosos e instrumentistas de qualidade inquestionável. Tenho certeza que essa volta será definitiva. O público viu que precisam do “gamour”, as grandes produções, músicos habilidosos e belas mulheres que só em shows de Rock Farofa têm. As pessoas sentem falta das maquiagens, das sacadas e tiradas bonachonas que só o estilo é capaz de fazer. Do groove, dos belos solos e timbres dos mestres como: Reb Beach, E. Van Halen e Steve Morse.
A volta do adorado Hard Rock é vista do outro lado do Oceano Atlântico, mas precisamente nas terras geladas da Suécia e Finlândia, transformando esses paises na mais nova fábrica do estilo. Todas com selo de qualidade, não soando genéricas e descartáveis. Alguns nomes que estão fazendo a alegria da molecada são Crashdïet, Hardcore Superstar, Babylon Bomb, Zan Clan, Vains of Jenna, The Poodles, Gemini Five, Diammond Dogs, Nasty Idols, Crucified Bárbara e Backyard Babies. Esses nomes são totalmente influenciados pelo movimento dos anos 80, com uma pitada do século XXI, apresentando um som moderno, com grandes produções, com um visual calcado nos mestre do estilo como Motley Crüe e Poison e têm a responsabilidade de levar adiante o peso que o estilo possui. Com isso, a cena hoje não poderia estar melhor, com todas as bandas veteranas voltando ao seu reinado aaliadas às bandas “prodígias”, que estão aprendendo com os “velhos” como se faz e vive o Hard Rock.
Tenho certeza que você, leitor, que está por dentro do mundo Hard Rock não se agüenta e está louquinho” para ligar tua guitarra e tocar bem alto sons como Nothing but a Good Time, do Poison; Girls Girls Girls, do Motley Crüe; Youth Gone wild, do Skid Row e Rock Ages, do Def Leppard. Eu to com a mesma vontade. Na verdade é o que irei fazer assim que acabar de escrever esse artigo. E para quem não conhece o gênero e as bandas, ai está uma boa oportunidade de abrir teus horizontes musicais. Garanto a diversão e bons momentos. Nada melhor que Hard Rock para esquecermos dos problemas do cotidiano, das contas do cartão de crédito, da namorada (o) chatinha (o) que insiste que você não dar a devida atenção, da mãe gritando no seu ouvido para limpar o quarto e do salário que não é lá essas coisas...Enfim! O Hard é sim um bom estimulo em nossas vidas. Pelo menos para mim funciona muito bem.
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